Investigador detido afirma que GSK não divulgou extensão das acusações de corrupção na China 623

Investigador detido afirma que GSK não divulgou extensão das acusações de corrupção na China

7 de julho de 2014

Um investigador privado detido pelas autoridades chinesas criticou a GlaxoSmithKline (GSK) de não revelar a extensão das acusações de corrupção contra a empresa na altura em que foi contratado para investigar uma suspeita de uma “campanha de difamação” por um ex-funcionário durante a investigação levada a cabo na China.

Peter Humphrey, que foi detido em julho na China, alegou que se sente «enganado» pela companhia, enquanto aguarda por julgamento, que se irá realizar no dia 7 de agosto.

Segundo o “Firstword”, Humphrey terá sido contratado pela GSK para apurar quem estava por trás das acusações de corrupção à empresa na China, que surgiram no início do ano passado através de e-mails anónimos. Os e-mails, que tinham sido enviados para executivos seniores, incluía acusações de suborno a funcionários na China, bem como um vídeo íntimo filmado secretamente Mark Reilly, ex-gestor de topo da companhia. Reilly, juntamente com outros dois executivos da GSK, foi acusado pelas autoridades chinesas de atividades de suborno de grande escala, num esforço para impulsionar as vendas. 

Humphrey diz que recebeu garantias que a GSK realizou os seus próprios inquéritos sobre as acusações de corrupção, acrescentando que a empresa negou que fossem verdadeiras. Afirmou igualmente que só depois de ter concluído «a sua investigação sobre o denunciante é que eles revelaram os detalhes».

A sua investigação centrou-se na ex-diretora de assuntos governamentais da GSK na China, Vivian Shi, de quem a farmacêutica suspeitava de ter enviado os e-mails. Humphrey também disse ter sido informado que a suposta pessoa conseguiu obter uma cópia do seu relatório. «Sabemos que esta pessoa é muito influente e eu acreditava que ela era de facto a denunciante», afirmou, acrescentando que «dez dias depois da GSK nos ter dito, fomos presos e o nosso escritório foi encerrado». Não há denúncias de irregularidades contra Shi e Humphrey não conseguiu estabelecer se Shi estava por detrás do vídeo. As autoridades chinesas não confirmaram que as acusações contra Humphrey, que incluíam a compra e venda de informação confidencial, estavam relacionadas com o trabalho com o trabalho da sua empresa para a GSK.

Entretanto, a GSK declarou que «o nosso negócio na China está a ser alvo de uma investigação por parte das autoridades chinesas, com as quais estamos a colaborar. Também contratámos uma empresa de advogados externa para realizar uma revisão independente para apurar o que aconteceu neste período». A companhia assinalou que tinha investigado as denúncias de corrupção, indicando que «foram identificados alguns comportamentos fraudulentos, que resultaram em demissões de funcionários e foram alterados alguns procedimentos de monitorização da China», mas o seu inquérito «não encontrou evidências para fundamentar as alegações feitas nos e-mails».