Maria Mota, investigadora-principal e directora executiva do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, em Lisboa, recebeu, em Paris, um dos Prémios Sanofi-Instituto Pasteur 2018, pelas suas descobertas sobre a fisiologia do parasita que causa a malária e a adaptação do ciclo de vida com os hospedeiros. O currículo de Maria Mota, que agora é distinguida na categoria internacional a meio de carreira, já somava quatro prémios internacionais e uma dezena de distinções a nível nacional que reconhecem o mérito do seu trabalho e do grupo de investigação que coordena.
Há mais de 20 anos que a cientista tenta perceber os mecanismos usados pelo parasita plasmodium que causa a malária, com o objectivo de um dia o conseguir travar.
«A malária continua a ser uma doença que mata uma criança a cada dois minutos no mundo e por isso é urgente continuar a investigar o parasita e os seus complexos mecanismos de ação», explica Maria Mota no comunicado que anuncia este prémio, a que o jornal “Público” teve acesso.
A investigadora sublinha a importância do reconhecimento do trabalho desenvolvido pela equipa, acrescentando que o financiamento para o laboratório vai permitir «explorar novas ideias de uma forma mais livre».
Num recente artigo que assinou na revista científica “Nature”, Maria Mota apresentou o principal mecanismo de deteção de nutrientes usado por este parasita, que é crítico para modular a sua replicação e virulência.
«O nosso trabalho passa agora por perceber a intricada rede de interações entre o parasita e o hospedeiro e perceber como podemos influenciar a replicação do parasita», acrescenta a investigadora.
Os Prémios Sanofi-Instituto Pasteur, no valor total de 350 mil euros, têm como objetivo reconhecer anualmente até quatro cientistas cuja investigação tenha demonstrado um verdadeiro progresso científico em diferentes áreas das ciências da vida.
Na edição deste ano, as áreas selecionadas foram microbiologia e infecção e imunologia. Além de Maria Mota, que receberá 150 mil euros, foram ainda distinguidos na categoria internacional sénior os cientistas Claude-Agnès Reynaud e Jean-Claude Weill, do Instituto Pediátrico Necker, em Paris, que receberão os restantes 200 mil euros do prémio.