Investigadora portuguesa ganha prémio da Federação Internacional da Diabetes 516

Investigadora portuguesa ganha prémio da Federação Internacional da Diabetes

06 de novembro de 2014

Joana Gaspar, investigadora de pós-doutoramento na Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP-ERC) e no Centro de Doenças Crónicas (CEDOC) da Universidade Nova de Lisboa que estuda mecanismos celulares e moleculares da diabetes, foi galardoada com o prémio Europeu da Federação Internacional de Diabetes (IDF) para jovem investigador.

O prémio foi entregue nas cerimónias do Dia Mundial da Diabetes, que decorreu no Parlamento Europeu em Bruxelas, no dia 5 de novembro de 2014.

A atribuição do prémio reconheceu a excelência da investigação científica na área da Biologia celular e molecular aplicada à diabetes, especificamente no estudo de novos mecanismos de regulação da glicose pós-prandial (após uma refeição) e sensibilidade à insulina.

Joana Gaspar integra projetos de medicina translacional, que envolvem a colaboração entre o CEDOC e a APDP e explicou num comunicado que «o nosso principal objetivo é descobrir novos fatores fisiológicos que aumentem a sensibilidade à insulina, de modo a prevenir e superar a resistência inicial à insulina que está associada ao desenvolvimento da diabetes tipo 2».

A equipa de investigação que Joana Gaspar integra está focada em estudar os sinais induzidos pela alimentação que aumentam a sensibilidade à insulina como resposta à ingestão de determinados nutrientes. O fígado é um dos órgãos chave que integra estes sinais alimentares, permitindo uma melhor sensibilidade à insulina por parte de outros órgãos, como é o caso do músculo esqueléticos, coração e rins.

Estudos recentes indicam que a insulina é captada e metabolizada pelo fígado levando à produção de novas moléculas que aumentam a sensibilidade à insulina, contribuindo para uma regulação mais eficaz dos níveis de glicose após as refeições.

«Estamos a investigar os sinais alimentares em irmãos de pessoas com diabetes tipo 2, uma vez que são um importante grupo de risco para desenvolver a doença. Ao percebermos como é que estes sinais atuam pode-se desenvolver novos tratamentos que irão ajudar a prevenir a progressão da diabetes tipo 2», esclareceu a investigadora.

Desde o início da sua carreira que Joana Gaspar se interessa em compreender as complexidades da diabetes e suas complicações associadas. «A diabetes é a doença crónica mais comum, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Em Portugal, 1 em cada 10 adultos tem diabetes», referiu a investigadora.

Acrescentou ainda que «o que é muito alarmante é que cerca de metade das pessoas com diabetes ainda não foi diagnosticada. Apesar da intensa investigação para compreender esta doença, ainda existe um longo caminho a percorrer no estudo da diabetes, que continua uma doença sem cura».

«É uma honra para mim receber este prémio. Mais do que o reconhecimento do meu trabalho, é o reconhecimento do empenho de todas as pessoas que trabalham comigo e que tornam possível estas descobertas. É isto que nos motiva a fazer mais para compreender a diabetes, melhorar a vida das pessoas que vivem nesta condição e, finalmente, ajudar a encontrar a cura para esta doença», rematou Joana Gaspar.

O prémio atribuído a Joana Gaspar durante as cerimónias no Parlamento Europeu foi entregue por João Nabais, presidente da IDF- Europa. A investigadora recebeu um cheque de 10 mil euros que será doado a uma instituição à sua escolha.