Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) realizaram um estudo cujos resultados os fazem alertar para a necessidade de reduzir as “desigualdades” no acesso a vacinas antialérgicas. Referem que esta terapia é “custo-efetiva” no que toca a tratar criança com asma alérgica a ácaros.
Mariana Farraia, primeira autora do artigo que foi publicado na revista Allergy, explicou à Lusa que o objetivo, num estudo inovador, era “comparar a cuso-efetividade da imunoterapia administrada por via subcutânea com a custo-efetividade do tratamento sintomático”.
A investigadora refere que “o tratamento da asma é por norma sintomático”, sendo “prescritos fármacos aos pacientes como corticoides ou broncodilatadores para tratar os sintomas da doença”. Por outro lado, explica que as vacinas antialérgicas têm características que modificam a doença e aumentam a tolerância imunitária.
Criando um modelo hipotético e baseando-se num modelo de Markov, os investigadores avaliaram três estratégias de tratamento: a imunoterapia subcutânea, a imunoterapia sublingual e o tratamento standard.
Simulando depois diferentes estados de saúde que os doentes iriam atravessar, verificaram que o “estado de saúde das crianças ia melhorando ao longo do tempo”. E, ainda, que a probabilidade de remissão da doença era maior nos casos em que as vacinas antialérgicas eram dadas pelo menos por três anos.
“Com a introdução do tratamento de imunoterapia observamos uma diminuição destas exacerbações”, destacou Mariana Farraia, referindo que apesar das vacinas serem mais dispendiosas, “acabam por ser vantajosas e benéficas”. “As vacinas possibilitam também uma diminuição no uso de medicação sintomática e reduzem as exacerbações”, acrescentou.
Os resultados do artigo demonstram a necessidade de as vacinas antialérgicas serem “comparticipadas” por forma a reduzir as desigualdades no acesso à saúde.
“Este estudo pretende chamar a atenção para a importância de se diminuírem as desigualdades no acesso a esta terapia e melhorar a gestão da doença alérgica”, salientou.
O estudo, desenvolvido no âmbito do projeto de doutoramento da investigadora, foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).