10 de setembro de 2014 O uso prolongado de um fármaco prescrito por norma para a ansiedade e a insónia está associado a um aumento de risco de Alzheimer, sustentam cientistas num estudo divulgado hoje. Se o uso crónico de benzodiazepinas causa de facto a doença cerebral é desconhecido, mas a associação é tão flagrante que a questão deveria ser examinada, defendem os autores. A demência afeta cerca de 36 milhões de pessoas no mundo, uma quantidade que se prevê que duplique de 20 em 20 anos à medida que a esperança de vida aumenta e os nascidos na bolha demográfica do baby boom envelhecem. Investigadores na França e no Canadá, usando uma base de dados no Quebeque, identificaram 1.796 pessoas com a doença de Alzheimer, cuja saúde foi monitorizada durante pelo menos até seis anos antes de a doença ter sido diagnosticada. Cada indivíduo foi comparado, por três vezes, com outros, agrupados por idade e género, para procurar alguma anormalidade. A investigação apurou que os pacientes com um registo de uso intensivo de benzodiazepinas, durante pelo menos três meses, têm uma probabilidade de 51% de serem diagnosticados com Alzheimer. O risco aumenta com o uso daquele medicamento. Os investigadores admitiram que o quadro é confuso. As benzodiazepinas são usadas para tratar a falta de sono e a ansiedade – sintoma que também são comuns entre as pessoas no período anterior ao diagnóstico de Alzheimer. Por outras palavras, mais do que causar Alzheimer, o fármaco esteve a ser usada para aliviar os seus sintomas iniciais, o que poderia explicar a associação estatística, relativizaram. «As nossas descobertas são da maior importância para a saúde pública» e suscitam mais investigação, adiantou a equipa de investigação, citada pela “Lusa”. O estudo, publicado pelo “British Medical Journal” (BMJ), foi liderado por Sophie Billioti de Gage, da Universidade de Bordéus, no sudoeste de França. Em comentário, Eric Karran, investigador da doença, considerou que o estudo reuniu informação com apenas cinco anos, quando os sintomas de Alzheimer frequentemente aparecem numa década ou mais antes do diagnóstico. «Precisamos de investigação mais prolongada no tempo para perceber esta proposta associação e quais as razões subjacentes que possam existir», adiantou. |