Investigadores contrariam posição «alarmista» da OMS sobre cigarros eletrónicos 08 de setembro de 2014 Os recentes alertas sobre os cigarros eletrónicos feitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são contrariados por um grupo de investigadores do Reino Unido, que garantem que a posição da OMS sobre este produto é «alarmista», contrapondo que a mudança do tabaco tradicional para estes cigarros permitiria salvar 6.000 vidas por cada milhão de fumadores. Os dados, citados pela “BBC”, fazem parte de um trabalho desenvolvido por uma equipa encabeçada pela UniversityCollege London e surgem uma semana depois de a OMS ter publicado um relatório em que recomenda que os cigarros eletrónicos não sejam vendidos a menores nem utilizados em espaços fechados. No documento, a OMS alertava ainda para alguns riscos e incertezas relacionados com os cigarros electrónicos, cujo uso está a aumentar em todo o mundo, temendo que os não fumadores se sentiam atraídos por este produto e que passem depois a fumar. Agora, o grupo do Reino Unido vem contrapor as restrições e proibições à volta do cigarro eletrónico, sublinhando que o número de não fumadores que começaram a utilizar cigarros eletrónicos é inferior a 1%, de acordo com dados do Smoking Toolkit, um inquérito conduzido mensalmente junto de fumadores daquele país. De acordo com Robert West, um dos investigadores do trabalho da UniversityCollege London, citado pela “BBC”, as toxinas presentes nos cigarros eletrónicos são muito baixas, com concentrações de produtos cancerígenos que não têm comparação com o tabaco tradicional, pelo que considera a posição da OMS «puritana». West fala em concentrações quase 20 vezes menores, que estima que podem poupar 6-000 vidas por ano por cada milhão de fumadores que mudem dos cigarros tradicionais para os eletrónicos. No caso dos nove milhões de fumadores no Reino Unido, isso significaria que mais de 54 mil vidas seriam poupadas. As ideias da equipa tiveram eco em posições defendidas pelo Centro Nacional de Adições do Reino Unido, do King’sCollege London, e pela Unidade de Dependência do Tabaco, da Queen Mary University, que publicaram um artigo no jornal especializado “Addiction”, defendendo que a posição da OMS pode vir a revelar-se um «engano” ao não ter em consideração os benefícios perante os riscos. «Estas recomendações da OMS são realmente prejudiciais para a saúde pública, na qual os cigarros eletrónicos poderiam ter um efeito revolucionários», rematou o investigador Peter Hajek, da Queen Mary University, citado pelo “TheTelegraph”. O relatório da OMS que será discutido em outubro referia, por exemplo, que o aerossol produzido pelo cigarro eletrónico, e que o utilizador inala, «não é apenas “vapor de água” como é muitas vezes referido na publicidade a estes produtos». Há também nicotina – nos modelos que a integram – e outros produtos possivelmente tóxicos, cujos efeitos a longo prazo não são bem conhecidos. Daí que o relatório recomendasse restrições ou regras à publicidade a cigarros, para não os tornar apelativos para menores ou não-fumadores, propondo ainda que os aparelhos não tenham o formato de produtos de tabaco, que não estejam associados a marcas, cores ou símbolos que possam ser associados ao tabaco e que até o termo “cigarro eletrónico” ou “e-cigarette” não seja utilizado. Em Portugal, o Governo já está a preparar uma regulamentação para os cigarros eletrónicos, cujo uso crescente preocupa as autoridades de saúde nacionais e internacionais. As regras deverão cumprir o que está fixado numa nova diretiva comunitária sobre o tabaco aprovada em abril passado. «Está a ser preparada a regulamentação. A diretiva do tabaco vai ser transposta e irá contemplar aspectos sobre o cigarro eletrónico», disse ao “Público” o diretor-geral de Saúde, Francisco George, no final do mês. Na semana passada, o secretário de Estado da Saúde disse ao “Jornal de Notícias” que as novas regras serão reveladas em outubro, sublinhando as diferenças entre cigarros eletrónicos com “vapor de água e eventualmente com perfumes” e cigarros eletrónicos com “vapor de água contendo nicotina”: «Por isso é que esta matéria tem de ser vista ponderadamente», disse Fernando Leal da Costa. |