Investigadores criam micropartículas com origem humana para aplicar na área da biomedicina 72

Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu um novo método para obter micropartículas à base de proteínas do sangue humano, com possíveis aplicações na área da biomedicina, informou hoje fonte da academia.

Segundo uma nota da UA, a que a Lusa teve acesso, esta metodologia, que já foi alvo de pedidos de patente nacional e internacional, prevê o uso de proteínas extraídas de lisados (proteínas) de plaquetas de origem humana.

“Dada a composição e o método de produção destas partículas, antevê-se um vasto espectro de aplicações em engenharia de tecidos, medicina regenerativa, entre outras aplicações biomédicas”, refere a mesma nota.

Segundo João Mando, líder do grupo de investigação COMPASS e professor do Departamento de Química da UA, as plataformas atualmente usadas para promover a adesão celular “requerem materiais sintéticos ou processos complexos e exaustivos, o que limita a sua eficácia”.

A tecnologia aqui apresentada é obtida a partir de lisados de plaquetas provenientes de colheitas de sangue expiradas, oferecendo uma alternativa sustentável a materiais que normalmente são descartados”, adianta o investigador, citado na mesma nota.

Estas micropartículas destacam-se pela sua produção rápida e capacidade de servir como pontos de adesão e expansão de células provenientes de vários tipos de tecidos, ajudando na formação de microtecidos, refere a equipa de investigação, que conta com membros do laboratório associado CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro e do Departamento de Química da UA.

Além disso, “demonstram também capacidade de influenciar a diferenciação celular, proporcionando um microambiente favorável para o desenvolvimento de tecido ósseo”, referem os investigadores.

“Devido à sua proveniência, este tipo de biomaterial previne complicações imunológicas e rejeição da plataforma aqui apresentada. Por sua vez, esta plataforma pode ser usada como substrato para a fabricação de microambientes miméticos de órgãos e tecidos”, explica João Mano.

A nota da UA destaca ainda que o uso de proteínas de origem humana “possui ainda um menor risco de rejeição e transmissão de doenças comparativamente a alternativas atuais”, acrescentando que a composição destas micropartículas permite modelar várias funções celulares, como adesão e proliferação, bem como a construção de estruturas tridimensionais autónomas.