Investigadores da área de autismo e antibiótico ganham prémio FLAD 26 de janeiro de 2017 João Morais-Cabral e Miguel Castelo-Branco são os vencedores da 2.ª edição do prémio FLAD Life Science 2020, um prémio concedido a investigadores nacionais a operar em Portugal, com projetos sobre autismo e antibióticos.
Os vencedores das bolsas, cada uma de 400 mil euros, serão anunciados hoje à tarde, na sede da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, numa cerimónia que conta com a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O prémio distingue dois projetos científicos, um dedicado a investigação fundamental e outro orientado para a investigação aplicada, e vai permitir o seu desenvolvimento durante três ou quatro anos.
Na categoria de investigação fundamental, o premiado é João Morais-Cabral, do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), da Universidade do Porto, com um projeto que pode conduzir ao desenvolvimento de antibióticos mais eficazes.
«O prémio vai permitir que o meu grupo (…) estude aspetos fundamentais dos mecanismos de captura de potássio em bactérias e explore a possibilidade de desenvolver novos compostos antibacterianos que afetem a captura de potássio», explicou o cientista.
Morais-Cabral é licenciado em bioquímica pela Universidade do Porto, onde ensina, e tem um doutoramento na Universidade de Edimburgo, na Escócia, e estudos de pós-doutoramento nas universidades de Harvard e Rockefeller, nos EUA, e Leicester, no Reino Unido. Foi também professor assistente na universidade americana de Yale.
Miguel Castelo-Branco, do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), da Universidade de Coimbra, é o vencedor do prémio para investigação aplicada com um projeto sobre autismo.
Castelo-Branco acredita que «doenças como o autismo representam um enorme desafio para a sociedade», mas que «continua a ser um mistério o que desencadeia as perturbações do comportamento em doenças deste espectro».
«Neste projeto, tentamos testar de forma direta uma hipótese sobre a natureza dos distúrbios neurais no autismo e sobre o respetivo tratamento. A hipótese postula que há um desequilíbrio no balanço entre os mecanismos de excitação e inibição da atividade neuronal. O nosso projeto testa esta hipótese bem como possíveis formas de tratamento para corrigir este desequilíbrio», explicou o cientista.
Miguel Castelo-Branco é licenciado em medicina pela Universidade de Coimbra, onde leciona, e realizou o seu doutoramento no Instituto Gulbenkian de Ciência. Continuou estudos na Alemanha e Holanda, onde deu aulas como professor auxiliar na Universidade de Maastricht, e regressou a Portugal como investigador e coordenador do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem (IBILI).
O prémio da FLAD distingue trabalhos de investigação feitos em parceria com cientistas dos Estados Unidos. No caso da investigação sobre antibióticos, a parceria é realizada em parceria com Zhou Ming, da Universidade Baylor, no Texas; e no do autismo com Alcino Silva, da Universidade da Califórnia, Los Angeles.
O presidente da FLAD, Vasco Rato, disse à “Lusa” que «este prémio procura contribuir para o crescimento da economia nacional a partir da internacionalização do conhecimento português».
«É talvez um dos melhores exemplos de concretização dos principais objetivos da FLAD. Inscreve-se na missão que assumimos enquanto instituição portuguesa, privada e financeiramente autónoma: queremos contribuir para o desenvolvimento de Portugal, através do apoio financeiro e estratégico a projetos inovadores e do incentivo à cooperação entre a sociedade civil portuguesa e americana», acrescentou o responsável.
O comité de avaliação que atribui as bolsas é liderado por Maria Manuel Mota, cientista que recebeu o Prémio Pessoa em 2013, acompanhada por Rui Costa, do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, e por Sangeeta Bhatia, da universidade americana Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Na sua primeira edição, o prémio distinguiu Hélder Maiato, do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto (IBMC), e Ana Cristina Rego, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC). |