Investigadores da UMinho testam com êxito nova explicação para doenças mentais
24 de julho de 2014
Investigadores da Universidade do Minho demonstraram, numa experiência com ratinhos, que a morte dos astrócitos, células do cérebro que comunicam com os neurónios, pode justificar alterações comportamentais típicas de doenças mentais como a depressão ou a esquizofrenia.
«Se afetarmos os astrócitos, os neurónios serão afetados também por consequência», disse à agência “Lusa” João Oliveira, coordenador da equipa, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde, da Universidade do Minho.
Segundo o investigador, o estudo introduziu «um novo jogador», os astrócitos, para explicar alterações de comportamento que habitualmente ocorrem em doentes mentais, uma vez que era do conhecimento que nestes «há danos» nos neurónios – outras células do sistema nervoso.
A equipa de João Oliveira partiu para a experiência com roedores com base em estudos do tecido cerebral humano, que revelaram que, nos doentes mentais, os astrócitos «estão diminuídos» nalgumas zonas do cérebro.
Os investigadores injetaram nos ratinhos uma droga – aminoadipato – para matar os astrocitos numa determinada zona do cérebro – o córtex pré-frontal – precisamente a afetada em caso de depressão ou esquizofrenia.
Após a cirurgia, testaram o seu comportamento – memória, atenção e flexibilidade – e verificaram que tinham maior dificuldade em assegurar estas funções.
Associada à morte de astrócitos, surgiu a morte de neurónios, que começaram «a estar afetados dois, seis dias após a cirurgia», assinalou João Oliveira.
A equipa pretende saber, de futuro, até que ponto os astrócitos são afetados, ou não, ao mesmo tempo que os neurónios, de forma a estudar possíveis meios de prevenção ou tratamento de determinadas doenças mentais.
«[A experiência] é uma evidência que abre provavelmente as portas para um estudo dos astrócitos como possíveis alvos de terapêutica», defendeu o investigador.
Num próximo passo, os cientistas vão modificar as funções específicas de tais células, através de modelos genéticos, para perceber melhor o seu funcionamento, a uma escala mais detalhada.
Os resultados da investigação foram publicados na revista “Molecular Psychiatry”.