Já é possível neutralizar a bactéria “Staphylococcus aureus”, resistente a antibióticos e apontada como responsável por várias infeções potencialmente fatais em seres humanos, através da terapia fotodinâmica, foi comunicado hoje pela Universidade de Aveiro (UA).
Uma equipa de químicos e biólogos da UA testou ‘in vitro’ e na pele a terapia fotodinâmica, por si só ou combinada com antibióticos, para tornar inativa essa bactéria, avança um comunicado da agência “Lusa”.
«Os resultados mostraram que a terapia fotodinâmica, usada já vulgarmente para tratar, por exemplo, a acne, é uma abordagem eficaz para controlar a infeção por S. Aureus na pele, inativando a bactéria eficazmente após três ciclos sucessivos de tratamento com luz e sem adição de antibióticos entre ciclos, ou após um ciclo usando a ação combinada da terapia com o antibiótico ampicilina», informou Adelaide Almeida, uma das investigadoras responsáveis.
A bióloga nota que «embora seja bem sabido que o uso de grandes quantidades de antibióticos na prática clínica é indesejável, pouco esforço tem sido feito para usar a terapia fotodinâmica para potencializar a eficácia antibiótica ou, alternativamente, usar antibióticos para melhorar o efeito dessa terapia».
A avaliação do efeito concertado foi realizada pela equipa da UA em pele de suíno, considerada «um bom modelo de teste para a pele humana, devido às semelhanças das suas propriedades histológicas, fisiológicas e imunológicas». Os recentes avanços realizados na UA podem representar uma solução a quem sofre, por exemplo, de abcessos na pele e infeções do trato urinário, refere a fonte.
A lista das infeções que a referida bactéria pode provocar é vasta: foliculite, furunculose, impetigo, celulite infeciosa, pneumonia necrosante, osteomielite, endocardite infeciosa, síndrome do choque tóxico e até intoxicação alimentar. Estas infeções têm sido facilmente tratadas com vulgares antibióticos até há poucas décadas. As infeções hospitalares e na comunidade causadas por S. Aureus multirresistentes a antibióticos aumentaram nos últimos 30 anos, fazendo-se acompanhar por um aumento de estirpes super-resistentes até mesmo aos antibióticos de última geração. O tratamento é, assim, moroso e frequentemente ineficaz.
«Estas estirpes são uma ameaça grave para a saúde pública», alerta a investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia da UA e coordenadora do estudo.
Nos seres humanos, «as narinas são os principais nichos ecológicos de S. Aureus e a transmissão ocorre principalmente através das mãos quando estas tocam superfícies contaminadas embora outros locais, como a pele, a área perineal, a faringe, o trato gastrointestinal, a vagina e as axilas, também podem ser colonizadas, podendo funcionar como focos de transmissão».