Investigadores de Coimbra com trabalho em medicina regenerativa e contra o cancro 1437

Investigadores da Universidade de Coimbra avançaram que a regulação dos processos de reciclagem e controlo de qualidade de células estaminais poderá ter impacto na medicina regenerativa e na luta contra o cancro.

Numa notícia da agência “Lusa” informa-se que o estudo, publicado numa revista da especialidade, sugere formas para manter saudáveis durante mais tempo as células estaminais dos tecidos.

Os investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra  (UC) trabalharam em parceria com investigadores da Universidade de Aveiro, da Universidade do Minnesota (Estados Unidos da América) e da Universidade de Oviedo (Espanha). O estudo realizado por Sílvia Magalhães-Novais e liderado por Paulo Oliveira e por Ignacio Vega-Naredo (ex-investigador do CNC, atualmente na Universidade de Oviedo) foi publicado na revista científica “Autophagy”.

«O objetivo do estudo, iniciado em 2009, foi tentar compreender como é que os processos de autofagia (“reciclagem de componentes celulares”) e apoptose (“morte celular programada”), responsáveis pelo controlo de qualidade celular nos diferentes tecidos, conseguem aumentar a competência das células estaminais», explica a Universidade de Coimbra, numa nota.

«Todos os nossos tecidos têm um reservatório de células estaminais, que vai sendo perdido durante o envelhecimento”, esclarece Paulo Oliveira, investigador do CNC, explicando que estas células têm de possuir um sistema de certificação de qualidade e resistência em condições desfavoráveis, para que mantenham viáveis e com a capacidade de substituir as células mais diferenciadas que vão sendo perdidas.

«Se compreendermos como é que estas células estaminais mantêm a sua qualidade, nomeadamente a reciclagem do lixo acumulado, ou um metabolismo “saudável”, poderemos preservar a sua função de regeneração de tecidos.», descreve o especialista.

Estas células têm a capacidade de se diferenciar em vários tipos de células, desde cardíacas a neuronais. Os investigadores utilizaram duas populações destas células: células que se mantiveram estaminais e células cuja diferenciação foi induzida por um processo químico. «Observaram que os processos de reciclagem se iam perdendo à medida que as células se iam diferenciando, levando a uma acumulação de “lixo” prejudicial para as mesmas», menciona a UC.

Esta investigação foi financiada pela Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT), pelo Fundo Europeu para Desenvolvimento Regional (FEDER) COMPETE 2020, no âmbito do projeto Cancel Stem, pelo Instituto de Salud Carlos III e pelo Instituto de Investigación Sanitaria del Principado de Astúrias (ambos de Espanha).