Investigadores de Coimbra confirmam eficácia de teste para antever Alzheimer
03-Junho-2014
Uma equipa multidisciplinar da Universidade de Coimbra (UC) confirmou em contexto clínico, pela primeira vez em Portugal, um teste de memória que visa o diagnóstico precoce da doença Alzheimer, anunciou hoje aquela instituição de ensino.
Desenvolvido nos anos 1980 pelo especialista norte-americano Herman Buschke, o teste «permite verificar se as pessoas com défice cognitivo ligeiro (DCL) correm risco de evoluir para a doença de Alzheimer, a demência mais comum na população idosa», descreve uma nota da UC.
A doença de Alzheimer é uma das patologias mais associadas ao período de transição entre o envelhecimento normal e a demência.
Raquel Lemos, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC, disse à agência “Lusa” que foi possível «distinguir dois subgrupos de pessoas» no final da investigação.
«Um com elevado risco para ter a doença de Alzheimer num futuro próximo e outro que, muito provavelmente, nunca vai ter a doença», acrescentou.
Os trabalhos de pesquisa envolveram uma dezena de investigadores da Universidade de Coimbra e prolongaram-se por três anos, entre 2010 e 2013.
Denominado teste de recordação seletiva livre e guiada (TRSLG), o método foi experimentado em 100 doentes com DCL e 70 com doença de Alzheimer, seguidos na consulta de demências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), coordenada pela neurologista Isabel Santana, e ainda num “grupo controlo” constituído por pessoas saudáveis.
Antes, o teste foi adaptado para a população portuguesa por investigadores das faculdades de Psicologia, Medicina e Letras da UC.
Os resultados do estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), demonstraram «sensibilidade e precisão elevada na diferenciação entre os doentes com défice cognitivo ligeiro com mais riscos de desenvolver Alzheimer e os que apenas manterão a memória diminuída», segundo Raquel Lemos.
As conclusões foram depois confirmadas com recurso a um marcador genético associado à doença de Alzheimer.
Para Raquel Lemos, coautora de um artigo científico sobre o estudo publicado no “Journal of Neuropsychology”, no Reino Unido, o TRSLG poderá ser «um instrumento útil no diagnóstico precoce» desta demência.
A informação fornecida pelo teste «permite orientar os clínicos na adoção de medidas profiláticas e terapêuticas» para as pessoas que venham a desenvolver Alzheimer.
O TRSLG é um instrumento de avaliação neuropsicológica recomendado pelo Grupo Internacional da Doença de Alzheimer, já utilizado em vários países da Europa.