Investigadores descobrem moléculas que podem ajudar a retardar doença de Parkinson
12 de dezembro de 2017 Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) descobriram um conjunto de moléculas que podem ajudar a retardar a progressão da doença de Parkinson quando associadas à Levadopa, um medicamento já existente. Este projeto, desenvolvido pelo grupo de Bioquímica Computacional da FCUP, tem como objetivo criar medicamentos que potenciem o efeito do fármaco Levadopa, impedindo que este seja degradado pelo organismo antes de chegar ao cérebro, que é o seu alvo, ajudando assim a retardar a progressão da doença, indicou à “Lusa” o investigador Pedro Fernandes. Para descobrir estas moléculas, a equipa – que na última década se tem dedicado à descoberta de novos fármacos para doenças específicas – recorreu ao uso de supercomputadores, que vasculham bases de dados com milhões de substâncias, num período de seis meses, com um custo «muito mais baixo» do que se a tarefa fosse efetuada num laboratório tradicional. Segundo Pedro Fernandes, a maioria dos fármacos são pequenas moléculas, ingeridas oralmente num comprimido, cujo efeito é provocado ao ligarem-se a outras moléculas existentes no organismo, designadas “recetores”, que originam doenças quando estão desregulados. No grupo dos recetores, continuou, encontram-se as enzimas, que são responsáveis por acelerar as reações químicas no organismo. No caso da doença de Parkinson, a equipa descobriu as moléculas que podem inibir uma enzima que acelera a degradação do fármaco Levadopa. Uma vez descobertas, explicou o investigador, as moléculas foram compradas e estão atualmente a ser testadas em laboratório, numa colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, para confirmar se as previsões computacionais encontraram realmente a «molécula mágica». Pedro Fernandes adiantou que, caso se verifique que as moléculas detetadas são mesmo as «perfeitas» para ajudar no tratamento do Parkinson, estas podem ser a base para o desenvolvido de um medicamento. No entanto, esse é um «caminho longo», sendo necessário realizar testes em células animais e humanas, antes de o medicamento ser aprovado para comercialização. O grupo de Bioquímica Computacional da FCUP tem-se dedicado igualmente à descoberta de fármacos para a diabetes, a SIDA, o excesso de colesterol, o cancro e a hipertensão. Para além de Pedro Fernandes, faz ainda parte da equipa a investigadora Maria João Ramos, sendo ambos do centro de investigação UCIBIO@REQUIMTE, do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP. Os projetos desenvolvidos pelo grupo, iniciados em 2008, são financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pelo Programa Operacional Regional do Norte (Norte 2020). |