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Investigadores do Porto desenvolvem método para entender melhor paramiloidose

 


2 de agosto de 2018

Investigadores do Porto desenvolveram um novo método que vai permitir fazer avanços na investigação da paramiloidose, conhecida como doença dos pezinhos, e «descobrir novos medicamentos», explicou um dos responsáveis.

O novo método consiste num «modelo animal» que «vai ajudar a descobrir novos medicamentos, porque infelizmente apenas 60% dos doentes respondem bem ao Tafamidis», o único fármaco atualmente utilizado no tratamento da doença, contou à “Lusa” o investigador Miguel Ferreira, um dos envolvidos no projeto.

«Os doentes precisam de alternativas», destacou o responsável pelo projeto desenvolvido no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e que conta com a colaboração do “The Scripps Research Institute” da Califórnia.

Segundo Miguel Ferreira, o modelo animal multicelular designado de C. Elegans é «mais semelhante ao humano em termos de sintomatologia» e também «mais eficaz do que os modelos utilizados» atualmente.

«Este modelo animal tem um ciclo de vida muito curto, visto que em quatro dias passa de embrião a adulto e gera descendência. Para além disso, o facto de ser transparente permite analisar os neurónios e outras células ao microscópio, assim como introduzir os fármacos e ver o efeito quase de imediato», revelou.

Para o investigador, o projeto pretende também compreender o fenómeno de antecipação relativamente à idade e os diferentes sintomas da doença dos pezinhos.

«Inicialmente, os sintomas da doença surgiam aos 20 e 30 anos, mas tem-se vindo a notar o efeito contrário em doentes da mesma família, isto é, no avô os sintomas surgem aos 60, no pai aos 40 e nos filhos aos 20», referiu, citado pela “Lusa”.

A paramiloidose, ou doença dos pezinhos, é uma doença hereditária de foro neurológico, que se manifesta inicialmente nos membros inferiores e que se alastra progressivamente ao resto do corpo.

No entanto, os sintomas não são «exclusivos aos pés nem aos membros inferiores», explicou Miguel Ferreira, acrescentando que «há doentes com a mesma mutação e cujos sintomas se fazem sentir noutros órgãos, como a bexiga e o intestino».

Segundo o investigador, os «grandes focos» em Portugal são a Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Barcelos, Figueira da Foz e a região da Serra da Estrela.

Em Portugal são cerca de três mil os doentes com paramiloidose, sendo que o país continua a manter o maior número de doentes a nível mundial.