Investigadores do Porto desenvolvem vacina comestível contra a covid-19 589

Uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico do Porto (IPP), está a desenvolver uma vacina comestível, em formato de iogurte e sumo de frutos.

Neste momento, estão a decorrer os ensaios in vitro e, brevemente, começam os testes em animais, em ratos, peixes e numa espécie de minhoca muito pequena.

Em entrevista à Lusa, Rúben Fernandes, um dos responsáveis pelo Laboratório de Biotecnologia Médica e Industrial – LaBMI do IPP, afirmou que este é um projeto “completamente inovador em Portugal”.

Segundo o biólogo, esta vacina, que depois de finalizada poderá ser ingerida em iogurte ou sumo de frutas, tem como particularidade ter por base plantas de frutos e probióticos geneticamente modificados.

“As plantas já estão geneticamente modificadas, assim como os probióticos”, esclareceu Rúben Fernandes.

O investigador apontou as diferenças entre as atuais e esta: as atuais estimulam a neutralização do vírus e esta estimula a imunidade.

“Portanto, ambos são produtos preventivos, mas neste caso a vacina, vou dizer convencional, neutraliza uma infeção e as vacinas comestíveis têm a propriedade de poderem potenciar as outras vacinas comuns”, indicou, explicando que as vacinas vão poder conjugar os probióticos ou plantas geneticamente modificadas ou usar apenas um deles.

O investigador adiantou que usando apenas probióticos esta vacina poderá ser uma realidade entre “seis a um ano” porque são bactérias que podem ser rapidamente transformadas.

A ideia é que esta vacina chegue facilmente ao utilizador final.

Utilizando os frutos, a sua concretização “será bastante mais longa” porque as plantas têm de crescer e dar frutos para que possam ser utilizados na indústria e transformados em sumo, explicou.

Esta vacina está a ser financiada exclusivamente com fundos próprios, e há a necessidade de se unirem a parceiros industriais da área alimentar para a vacina chegar ao consumidor final e ganhar escala.

“Vai ser a indústria que vai decidir que tipo de produto é que vai querer, nós vamos é poder oferecer-lhes várias opções”, sustentou.

Apesar de estar a ser direcionada para a covid-19, Rúben Fernandes acredita que a mesma poderá vir a ter interesse para tratar outros tipos de doenças infeciosas.