Uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico do Porto (IPP), está a desenvolver uma vacina comestível, em formato de iogurte e sumo de frutos.
Neste momento, estão a decorrer os ensaios in vitro e, brevemente, começam os testes em animais, em ratos, peixes e numa espécie de minhoca muito pequena.
Em entrevista à Lusa, Rúben Fernandes, um dos responsáveis pelo Laboratório de Biotecnologia Médica e Industrial – LaBMI do IPP, afirmou que este é um projeto “completamente inovador em Portugal”.
Segundo o biólogo, esta vacina, que depois de finalizada poderá ser ingerida em iogurte ou sumo de frutas, tem como particularidade ter por base plantas de frutos e probióticos geneticamente modificados.
“As plantas já estão geneticamente modificadas, assim como os probióticos”, esclareceu Rúben Fernandes.
O investigador apontou as diferenças entre as atuais e esta: as atuais estimulam a neutralização do vírus e esta estimula a imunidade.
“Portanto, ambos são produtos preventivos, mas neste caso a vacina, vou dizer convencional, neutraliza uma infeção e as vacinas comestíveis têm a propriedade de poderem potenciar as outras vacinas comuns”, indicou, explicando que as vacinas vão poder conjugar os probióticos ou plantas geneticamente modificadas ou usar apenas um deles.
O investigador adiantou que usando apenas probióticos esta vacina poderá ser uma realidade entre “seis a um ano” porque são bactérias que podem ser rapidamente transformadas.
A ideia é que esta vacina chegue facilmente ao utilizador final.
Utilizando os frutos, a sua concretização “será bastante mais longa” porque as plantas têm de crescer e dar frutos para que possam ser utilizados na indústria e transformados em sumo, explicou.
Esta vacina está a ser financiada exclusivamente com fundos próprios, e há a necessidade de se unirem a parceiros industriais da área alimentar para a vacina chegar ao consumidor final e ganhar escala.
“Vai ser a indústria que vai decidir que tipo de produto é que vai querer, nós vamos é poder oferecer-lhes várias opções”, sustentou.
Apesar de estar a ser direcionada para a covid-19, Rúben Fernandes acredita que a mesma poderá vir a ter interesse para tratar outros tipos de doenças infeciosas.