Investigadores do Porto propõem nova terapêutica para a “Doença dos Pezinhos” 558

Investigadores do Porto propõem nova terapêutica para a “Doença dos Pezinhos”

18 de junho de 2014

Uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), do Porto, propõe a utilização de um anti-inflamatório utilizado em situações reumáticas, conhecido como Anacinra, como estratégia terapêutica para doenças amiloidóticas como a “Doença dos Pezinhos”, refere a agência “Lusa”.

 

Baseado em ensaios pré-clínicos com modelos animais, o estudo, publicado recentemente, demonstra «a importância de alvos não amiloides nas estratégias para combater estas doenças. A Anacinra é um anti-inflamatório utilizado em situações reumáticas que impede a deposição da transtirretina (TTR), protegendo as fibras nervosas da degeneração».

 

O grupo de investigadores, liderado por Maria João Saraiva, recorreu a modelos animais transgénicos que produzem a proteína TTR mutada, a qual é responsável pelo desenvolvimento da “Doença dos Pezinhos” nos humanos.

 

Para Maria João Saraiva «os efeitos benéficos nos animais são evidentes, permitindo estabelecer uma clara e nova abordagem: interferindo na cascata inflamatória da IL-1, interferimos na deposição de TTR e na regeneração do nervo».

 

«Demonstrado o conceito, ficam a faltar os ensaios clínicos para confirmar efeitos desta abordagem nas doenças amiloides em humanos», afirma a investigadora, num comunicado enviado à “Lusa”.

 

Maria João Saraiva explica que «estes compostos de baixo custo poderão ter efeitos benéficos em ensaios clínicos».

 

A primeira terapia disponível para a polineuropatia amilóidótica familiar (PAF), mais conhecida por “Doença dos Pezinhos” ou paramiloidose, foi o transplante de fígado. Contudo, segundo os investigadores, além de muito invasiva, não é totalmente eficaz por não eliminar a produção de TTR mutante noutros órgãos do corpo e devido ao risco de rejeição do transplante.

 

«Não há muito tempo, foi lançado no mercado o Tafamidis, um composto que, segundo alguns, ainda não deu provas suficientes de eficácia e cujo benefício ainda está em avaliação, necessitando de terapias combinadas», referem os investigadores do IBMC.

 

A PAF foi descrita pela primeira vez pelo Professor Corino de Andrade, em 1952, em doentes da região da Póvoa de Varzim.