Investimento na vacinação contra a covid-19 compensou riscos da falta de recursos na saúde 556

“Um novo normal? Impactos e lições de dois anos de pandemia em Portugal” é nome de um longo documento que apresenta as conclusões de um trabalho de investigadores da Fundação Francisco Manuel dos Santos e que avaliou o impacto de dois anos da pandemia covid-19 em Portugal. Entre as conclusões está o facto de o investimento português na vacinação contra a covid-19 ter ajudado a contrariar os fatores de risco a nível sanitário que advêm da por vezes falta de recursos de Portugal na área da saúde, quando comparado com outros países da OCDE.

O estudo refere que o território português foi “particularmente vulnerável” aos efeitos da pandemia e que, antes desta, o Serviço Nacional de Saúde já tinha uma capacidade de resposta “inferior” à média da OCDE, sendo para isto relevante dados como o número de médicos, enfermeiros ou as consultas realizadas por mil habitantes.

Houve ainda uma incidência do estudo sobre o excesso de mortalidade, visto que Portugal ocupou em 2021 1 16.ª posição no ranking dos países da OCDE, mas recorda que nestes números estão incluídas as mortes por outras causas que não a covid-19.

Assim, os portugueses estiveram “durante 2020-2021, em termos comparativos na OCDE, entre os que mais referiram necessidades médicas extra-covid-10 por satisfazer”.

Como em outras investigações, recorda a Lusa, o estudo destaca situações de aumento de peso (31% dos inquiridos), redução das horas de sono (30%), aumento do consumo de psicofármacos (9,4%) e de tabaco e álcool (8,1%).

“Estes impactos negativos afetaram sobretudo os mais jovens (menos de 30 anos) e foram mais evidentes entre as mulheres, exceto no que se refere ao consumo de tabaco e álcool”, dizem os autores no estudo que recolheu dados em duas alturas: no final do segundo confinamento (março a maio de 2021) e em setembro e outubro de 2021, que é referente a um período de redução de restrições e de altas taxas de vacinação entretanto alcançadas.

A nível de saúde mental dos portugueses durante estes anos, 2020-2021 foi comparado com a média dos três anos anteriores, havendo um aumento de situações relacionadas com problemas psiquiátricos e suicídio, com 7% e 18%, respetivamente.

No entanto, os níveis de ansiedade e os sinais de depressão verificados no primeiro momento de recolha “foram bastante moderados e tenderam a manter-se durante o segundo momento”, sendo que o medo associado à covid-19 diminuiu entre a primeira e o segunda altura de recolha de dados.