IPO/Porto pede ao Governo que crie linha de financiamento para medicamentos orais 511

18 de Abril de 2016

O presidente da administração do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO/Porto), Laranja Pontes, pediu hoje ao Governo que crie um mecanismo que permita financiar as terapêuticas orais, o que representa atualmente 8% do orçamento da unidade hospitalar.

«Queremos continuar a dar aos nossos doentes as drogas mais inovadoras e recentes. Infelizmente a maior parte são orais e o contrato-programa com o Ministério da Saúde não contempla esta versão», afirmou Laranja Pontes, na cerimónia que hoje marcou o 42.º aniversário do IPO/Porto, que contou com a presença do secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.

No final da cerimónia, questionado pelos jornalistas, o governante afirmou que o Ministério da Saúde vai analisar a questão em causa.

«Vamos ver o que é que a Administração do IPO do Porto pretende», disse Manuel Delgado, acrescentando que «todos os hospitais a nível nacional dão medicamentos para consumo domiciliário dos utentes das respetivas farmácias e, em termos de valor, muitas vezes esse aproxima-se dos 75%, 80% dos gastos com medicamentos, e provavelmente o IPO vai ter de assumir também essa responsabilidade», citou a “Lusa”.

Laranja Pontes, lembrando que a questão não é nova, inclusive fez com que o IPO/Porto tivesse de devolver 60 milhões de euros, depois de ter sido chamado à atenção pelo Tribunal de Contas, defendeu uma linha de financiamento específica para estes medicamentos orais.

«É injusto para o cancro», disse, «porque para a doença de crohn, para o VIH/sida, para doenças do metabolismo e outras, há linhas de financiamento e a Oncologia não tem».

Segundo o responsável, o IPO/Porto dispõe de menos 8% do orçamento, porque tem essa verba alocada aos comprimidos.

«Dou [esses comprimidos] indiscutivelmente aos doentes», garantiu, salientando que a verba em causa representa «quase 25% da conta da farmácia» do hospital.

No seu discurso, Laranja Pontes apresentou o plano estratégico para 2016-2018, que irá continuar a apostar na «capacitação do doente e na melhoria da qualidade dos cuidados de saúde».

Laranja Pontes disse também que o IPO/Porto pretende integrar uma estrutura que começa a desenhar-se na Europa – Cancer Core Europe -, sendo por isso importante associar-se ao i3S, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, que integra várias unidades de investigação da Universidade do Porto.

«Mudar do contacto passivo para o contacto ativo, fazendo perguntas aos doentes», sem que seja preciso «criar consultas fictícias», é outro dos objetivos traçados pelo administrador.