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IPST tem programa para tratamento de plasma português desde 2014

31 de Março de 2015

O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) revelou ontem que tem desde 2014 um programa de tratamento de plasma que permite assegurar todas as transfusões necessárias e sublinhou que atualmente não há desperdício de plasma, como acontecia no passado.

«Pela primeira vez, o IPST lançou uma campanha de inativação do plasma, um trabalho que ficou concluído no final de 2014. Estão a ser fornecidos aos hospitais unidades de plasma obtido em Portugal. Não é verdade que esteja a ser desperdiçado», afirmou em conferência de imprensa Hélder Trindade, presidente do IPST.

O instituto reagia assim a declarações feitas no fim de semana pelo diretor do Serviço de Imunoterapia do Hospital de São João, no Porto, Fernando Araújo, segundo as quais «o país desperdiça 400 mil unidades de plasma por ano e, depois, gasta 70 milhões de euros a comprá-lo».

De acordo com a “Lusa”, Hélder Trindade esclareceu que todo o plasma usado pelo IPST advém de dádivas obtidas em Portugal e que só não é aproveitado o plasma que não apresenta as necessárias garantias de qualidade e segurança.

Quanto ao dinheiro gasto no tratamento do plasma, «é absurdo que atinja os 70 milhões», afirma Hélder Trindade, acrescentando que o valor da fatura deverá rondar os 10% desse valor.

O programa de inativação do plasma criado no ano passado pelo IPST é do conhecimento de todos os hospitais, que o podem solicitar e dele usufruir sempre que necessitarem, como já fazem alguns.

O responsável adiantou mesmo que cerca de 50% dos hospitais do país, incluindo os principais, já manifestaram interesse em participar deste programa, não tendo contudo avançado ainda as quantidades necessárias.

Hélder Trindade admite, pois, não entender as declarações do responsável do Hospital de São João, já que a nova estratégia do IPST foi comunicada a todos os hospitais a 19 de novembro do ano passado, numa reunião científica em Coimbra.

Posteriormente, foi enviado, a 1 de dezembro, um ofício a todos os hospitais (conselhos de administração, clínicos e serviços farmacêuticos e de imunohemoterapia) a dar conta da existência de dois tipos de plasma inativado disponíveis e solicitando as estimativas de consumo para 2015, com fim a preparar os processos de compra.

O IPST garante ter capacidade para garantir todo o plasma para transfusão (cerca de 75 mil unidades por ano), através da inativação do plasma português por dois métodos diferentes: um efetuado pelo próprio instituto depois de comprado o reagente (amotosaleno) e outro (solvente reagente) por prestação de serviços da Octapharma.

Contudo, Hélder Trindade esclarece que este programa nacional não tem por missão inativar o plasma todo: o restante é para ser fracionado, para obter os medicamentos derivados do plasma necessários aos doentes.

O IPST tem atualmente 180 mil unidades de plasma remanescente armazenado, parte do qual (62.069 unidades) é plasma de quarentena,«outra forma de plasma seguro».

Quanto às restantes unidades armazenadas, o IPST prepara-se para lançar um concurso público, envolvendo os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, para o fracionamento, tendo convidado os hospitais a participar (em ofício de 21 de janeiro).

Segundo Hélder Trindade, alguns hospitais mais pequenos, com um número de colheita mais pequena têm apenas o programa de plasma de quarentena, sendo possível que estes não estejam a usar o plasma todo.

«O que o IPST procura é que esses hospitais venham a integrar o programa nacional», acrescentou, sublinhando acreditar que «mais tarde ou mais cedo» o Hospital de São João também vai aderir, uma vez que quanto maior for o grupo, melhores serão os preços que se conseguem e, por conseguinte, menor será o custo para o Serviço Nacional de Saúde.

O IPST inativou por amotosaleno 5.500 unidades de plasma (dos quais foram distribuídos 95) e por método solvente detergente 6.717 (dos quais foram distribuídos 210). No total existem 73.981 unidades de plasmas disponíveis para fornecimento no IPST.