João Semedo acusa Governo de ter deixado SNS «no osso» 04-Fev-2014 O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo acusou ontem o Governo de ter deixado o Serviço Nacional de Saúde «no osso, no mínimo dos mínimos», o que é demonstrado pela espera a que os utentes estão sujeitos. O BE iniciou ontem no distrito de Santarém um roteiro para a saúde, com visitas aos centros de saúde de Rio Maior e de Salvaterra de Magos, que apontou como dois exemplos da degradação do SNS. «Estivemos num centro de saúde que só tem um médico (Rio Maior) e neste, em Salvaterra de Magos, há médicos na sede mas não há para as extensões e é um pouco assim em todo o país», disse João Semedo aos jornalistas, frisando que, «de tanto corte no seu orçamento, o Serviço Nacional de Saúde está no osso, no mínimo dos mínimos». João Semedo frisou que as listas de espera não param de crescer, o que se deve à «política de cortes», que leva à redução de profissionais, de horas de trabalho, e, consequentemente, de pessoas atendidas. «Não se fazem omeletes sem ovos e os profissionais são a principal riqueza do Serviço Nacional de Saúde. Se o ministro Paulo Macedo continua a cortar nos orçamentos, nos profissionais (…) não pode haver outra alternativa que não seja o que vemos, as pessoas esperam, esperam, esperam para serem atendidas em piores condições e pior qualidade do que acontecia há uns anos», afirmou. Para o coordenador do BE, «é ridículo» que o ministro ainda diga que o seu Ministério, que teve o orçamento reduzido sucessivamente nos últimos três anos, «tem tido uma descriminação positiva». João Semedo visitou o centro de saúde de Salvaterra de Magos, um concelho em que 41% dos seus cerca de 21.000 utentes não tem médico de família, uma situação que se agravará significativamente quando os dois dos quatro médicos que estão na sede receberem autorização para se aposentarem. Sem atendimento complementar, depois das 20:00 os habitantes do concelho têm que recorrer às urgências em Santarém ou em Coruche. Em Rio Maior, a deputada Helena Pinto ficou «chocada» por ter encontrado no mesmo edifício uma Unidade de Saúde Familiar a funcionar bem e o centro de saúde com apenas um médico, num concelho com 7.500 utentes sem médico de família. Helena Pinto disse à “Lusa” que na reunião que teve ontem com a coordenadora do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria foi informada de que na área abrangida por este ACES existem 25.000 pessoas sem médico de família. João Semedo disse esperar para ver se se concretiza o anúncio recente da contratação de 200 médicos pelo Ministério da Saúde, já que este «também se tem caracterizado, em matéria de recursos humanos, por promessas que não são cumpridas», porque «o seu orçamento não permite contratar». Questionado sobre o atraso na elaboração da lista de edifícios públicos com amianto, João Semedo afirmou que «o Governo sabe os riscos que as pessoas estão a correr, mas sabe também que vai ter que despender milhões e milhões de euros, e é simplesmente por uma poupança mesquinha» que «não dá um passo para resolver esse problema». |