Jovens médicos são distinguidos na área da Cardiologia de Intervenção 221

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) acaba de atribuir o Prémio Jovem Cardiologista de Intervenção a Pedro Miguel Dinis Lopes, do Hospital de Santa Cruz, e a Ana Rita Baptista de Moura, do Hospital Distrital de Santarém. Esta iniciativa tem como objetivo promover a formação e a investigação científica entre os médicos mais jovens, assim como a sua participação na Reunião Anual da APIC.

“Este ano os trabalhos foram subordinados aos temas ‘Uma imagem vale mais do que mil palavras’, ‘Complicações’ e ‘Casos clínicos out-of-the-box’, nas categorias de intervenção coronária e intervenção estrutural. As candidaturas, que superaram as nossas expectativas, ilustram a elevada qualidade da Cardiologia de Intervenção nacional. Acreditamos que estas iniciativas são de extrema importância, uma vez que fomentam o interesse e a motivação dos jovens pela área da Cardiologia de Intervenção”, afirma Rita Calé Theotónio, presidente da Reunião.

O trabalho de Pedro Miguel Dinis Lopes, realizado no âmbito da categoria de intervenção estrutural, relata um caso clínico de complicação de implantação de válvula aórtica percutânea, no qual, por implantação demasiado alta da válvula, houve oclusão do óstio do tronco comum. Neste caso, o doente sofreu paragem cardiorrespiratória, que foi imediatamente resolvida com a recuperação da válvula para a aorta ascendente através da técnica de Snare.

“Os objetivos do trabalho foram demonstrar que a oclusão coronária é uma complicação possível e potencialmente fatal deste procedimento, a qual pode ser evitada com um planeamento adequado”, afirma Pedro Miguel Dinis Lopes.

E continua: “Conclui-se que a angioTC pré-procedimento tem um papel fundamental na avaliação destes doentes, permitindo a seleção adequada da válvula, que deve ser individualizada, e é um fator-chave no sucesso do tratamento. A recuperação da válvula através da técnica de Snare pode ser uma estratégia apropriada para a resolução desta complicação. E, por fim, os laboratórios de hemodinâmica devem estar equipados com diversos instrumentos, que permitam dar a resposta adequada perante estas complicações.”

O trabalho submetido por Ana Rita Baptista de Moura, para a categoria de intervenção coronária, baseou-se na descrição da metodologia adotada na abordagem de uma complicação em contexto de intervenção coronária, sob a forma de perfuração. Esta decorreu aquando da tentativa de angioplastia de uma artéria coronária direita.

“Os objetivos foram a partilha de experiência na gestão de um contexto particularmente complexo de perfuração coronária proximal, determinado pela ocorrência simultânea de compromisso do fluxo para as porções médio-distais do vaso, pela provável presença de hematoma. O ganho de controlo sobre a totalidade da extensão da artéria foi dificultado pela incapacidade recorrente no avanço de material, que assim exigiu a utilização de diversas técnicas que possibilitaram a aquisição de melhor suporte e, simultaneamente, garantiram a manutenção de hemostase durante o procedimento”, afirma Ana Rita Baptista de Moura.

Terminou, concluindo que “as perfurações coronárias são complicações que, apesar de raras, têm potencial de se associar a elevada morbimortalidade. O sucesso do seu tratamento depende de um reconhecimento precoce e da adoção de medidas que possibilitem a aquisição de hemostase de forma célere. Estas estão habitualmente bem descritas na literatura, recomendando-se a sua aplicação de forma sistematizada. Ainda assim, cada caso pode associar-se a desafios adicionais, que obriguem a uma adaptação das estratégias mais convencionais.”

A APIC atribui o Prémio Jovem Cardiologista de Intervenção aos melhores trabalhos apresentados na sua Reunião Anual, que este ano se realizou de 14 a 16 de outubro, em formato híbrido (online e presencial), em Peniche.