12 de Novembro de 2015 Os jovens estão a consumir medicamentos e suplementos em excesso, muitas vezes correndo riscos e ignorando efeitos secundários. De acordo com o Inquérito Nacional da Saúde, ontem divulgado pelo INE, 26,6% dos jovens entre os 15 e os 24 anos tinham consumido medicamentos não prescritos por um médico nas duas semanas anteriores. «É um número excessivo para esta faixa etária, que não devia tomar nada ou só em casos muito excecionais», conta ao “DN” Carlos Maurício Barbosa, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Além dos efeitos secundários em medicamentos de uso regular – como o paracetamol ou o ibuprofeno – alerta para suplementos para a memória, para a ansiedade ou até para melhorar o desempenho sexual. «Muitas vezes nem sequer sabemos o que contêm». A pergunta feita pelo INE aos portugueses reflete os consumos não só de medicamentos de venda livre – seja em farmácias, parafarmácias ou nos supermercados – mas também de suplementos e vitaminas ou medicamentos homeopáticos, e o que se conclui analisando os dados é que os mais jovens os compram mais. Além dos 15 aos 24 anos, o consumo entre os 25 e os 34 anos foi confirmado por 29,8%. A partir destas idades vai baixando, até perto dos 15% a partir dos 65 anos. Os jovens consomem essencialmente analgésicos, anti-inflamatórios, suplementos para dormir, para a ansiedade e concentração. «Desde logo, há um consumo em excesso de paracetamol e as pessoas não sabem os riscos que tem, mesmo em termos hepáticos». No ibuprofeno, «pode haver sangramentos das paredes digestivas. Muitas vezes são vendidos em doses limitadas, mas depois as pessoas tomam mais do que um comprimido e há riscos. Sempre disse que nunca deviam ser vendidos fora das farmácias, porque depois não há aconselhamento. Isso acontece com a pílula do dia seguinte». No caso dos suplementos, alerta para o desconhecimento. «Há pouco controlo sobre os efeitos, não são sujeitos a ensaios e não estão na tutela da saúde, o que devia acontecer. Ainda por cima são vendidos como milagrosos». O inquérito do INE refere ainda dados dos consumos com receita. E os valores não são muito diferentes. Nestas faixas etárias, 28% tinham tomado medicamentos prescritos nas duas últimas semanas. O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva também admite que o consumo suscita alguma preocupação. «Também me parece excessivo, mas teria de ser feita uma análise a partir daqui», refere. Admitindo que «todos os medicamentos acarretam algum risco», refere que, no caso dos suplementos, «muitas vezes não há bases científicas. Não há suplementos para a memória e para a concentração que resultem». |