Laboratório suíço anuncia fracasso de medicamento anticancerígeno 18 de Julho de 2016 O grupo farmacêutico suíço Roche anunciou hoje que o seu medicamento Gazyvaro, já homologado para o tratamento de vários cancros hematológicos, não atingiu o objetivo num estudo de fase III para uma forma agressiva de cancro do sangue. Neste estudo, intitulado Goya, o medicamento não satisfez o critério de avaliação primária, a saber, uma redução significativa do risco de agravamento da doença ou de morte das pessoas com o linfoma difuso de grandes células B (DLBCL) não previamente tratadas, noticiou a “Lusa”. Este estudo de fase III, que corresponde à fase mais avançada dos ensaios clínicos, foi realizado em 1.418 pacientes, de acordo com um comunicado do gigante farmacêutico. O estudo teve como objetivo avaliar o medicamento em associação com uma quimioterapia por comparação com outro medicamento da Roche, o MabThera/Rituxan, um dos anticancerígenos mais utilizados, também em associação com quimioterapias. O Gazyvaro – um anticorpo monoclonal concebido para se ligar a uma proteína expressa em algumas células B – está já homologado em 70 países – entre os quais Portugal – para o tratamento da leucemia linfocítica crónica. O medicamento recebeu a autorização das autoridades sanitárias norte-americanas em fevereiro último para o tratamento do linfoma folicular, e em seguida da Comissão Europeia em junho para terapias ligadas à mesma doença. «Vamos continuar a analisar os dados deste estudo Goya para compreender melhor os resultados e estudar outros tratamentos experimentais para esta doença», anunciou Sandra Horning, médica-chefe e diretora do Desenvolvimento Mundial de Produtos, citada pela agência “France Press”. As ações da Roche na Bolsa suíça caíam 1,49% para os 251,80 francos às 8:52 TMG, numa altura em que o índice SMI, da bolsa helvética, subia 0,18%. O Gazyvaro é um dos medicamentos com que a Roche conta para assumir o relevo do MabThera/Rituxan e fazer face à concorrência dos medicamentos ditos biosimilares. «Esta é uma má notícia para a empresa», comentou Bruno Bulic, analista de mercados na Baader Helvea, numa nota da casa de investimento citada pela “AFP”. De acordo com as estimativas do mesmo analista, os tratamentos para os linfomas do tipo não-Hodkin ligados ao Rituxan representam cerca de 30% das vendas da Roche em hematolologia, ou seja, o equivalente a 2 mil milhões de francos suíços (1,8 mil milhões de euros). O linfoma difuso de grandes células B é o tipo de linfoma não-Hodkin mais frequente, representando um caso em cada três. Todos os anos, esta doença é diagnosticada em cerca de 123 mil pessoas em todo o mundo. |