Legionella: ADP será inspecionada para averiguar eventual crime 11 de novembro de 2014 O ministro do Ambiente anunciou hoje uma ação inspetiva extraordinária à empresa Adubos de Portugal, em Vila Franca de Xira, para averiguar um eventual crime ambiental. Segundo Jorge Moreira da Silva, a ação inspetiva vai decorrer «nas próximas horas» e será para averiguar «eventual crime ambiental por libertação de microrganismos para o meio ambiente». «Foi hoje decidido de manhã desencadear uma ação inspetiva extraordinária relativamente à empresa Adubos de Portugal. Essa ação inspetiva vai ocorrer nas próximas horas, para averiguação de eventual crime ambiental por libertação de microrganismos no meio ambiente», afirmou o governante, em Leiria, sublinhando, contudo, não ser de «descartar definitivamente outras hipóteses». O ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e da Energia advertiu que se está «perante amostras e análises que estão ainda em cultura», pelo que «os resultados definitivos ainda demorarão algumas horas», citou a “Lusa”. «Mas tendo em atenção as análises que foram feitas, tanto no sábado, como novamente no domingo, consideramos que um grau de probabilidade mais elevado está associado às torres de refrigeração e, no âmbito das torres de refrigeração, concretamente em relação a esta empresa», explicou Jorge Moreira da Silva. O governante sublinhou ainda que «o foco está controlado desde o momento em que se decidiu no terreno que as torres de refrigeração, mesmo sem análises comprovativas que apontassem para a presença de legionella», fossem encerradas no domingo. Questionado se a empresa tinha efetuado limpeza de equipamentos, Moreira da Silva respondeu que tem «informação suficiente neste momento», quer sobre as análises, «quer no que diz respeito à ausência de cuidados relacionados com manutenção», para considerar que se deve de imediato avançar com a inspeção extraordinária à Adubos de Portugal. O ministro referiu que, apesar desta inspeção extraordinária, não se está a «afastar a averiguação» a torres de refrigeração de outras empresas, pois, insistiu, nesta fase não se pode «descartar definitivamente todas as possibilidades». De acordo com Jorge Moreira da Silva, as torres de refrigeração encerradas no sábado só serão reabertas depois de análises que assegurem a ausência da legionella e de «um conjunto de ações preventivas». «A legislação ambiental é muito clara, [as empresas] têm obrigações precisas sobre aquilo que tem de ser feito, mas, por outro lado, nós estamos perante aquilo que não é uma mera verificação de legislação», observou, admitindo que se possa estar «perante um crime ambiental que é muito mais que uma mera contraordenação ou do mero incumprimento das melhores técnicas disponíveis». A ação extraordinária vai ser desencadeada pela Inspeção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território. A legionella, que provoca pneumonias graves e pode ser mortal, foi detetada na sexta-feira no concelho de Vila Franca de Xira, tendo provocado a infeção em mais de 230 pessoas e a morte de cinco. Todos os casos, de acordo com a Direção-geral da Saúde, «têm ligação epidemiológica ao surto que decorre em Vila Franca de Xira». A doença do legionário transmite-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. OMS considera surto em Portugal como «grande emergência de saúde pública» A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou hoje como «uma grande emergência de saúde pública» o surto da doença do legionário em Portugal que já matou cinco pessoas e afetou 235 em menos de uma semana. «Este é o maior surto de doença do legionário em Portugal e é considerado uma grande emergência de saúde pública», afirmou Christian Lindmeier, porta-voz da OMS, citado pela agência “France Presse”. «A água municipal foi verificada e considerada segura», acrescentou o mesmo porta-voz, adiantando que não há risco na água potável da zona afetada. Organização Mundial de Saúde pronta a enviar peritos para Portugal A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse hoje que tem peritos prontos para se deslocarem a Portugal para ajudar a lidar com o surto da doença do legionário que já matou cinco pessoas e infetou outras 235. «Já identificámos os nossos peritos e eles estão prontos para se deslocarem» [a Portugal], disse à agência “Lusa” em Genebra o porta-voz da organização, Christian Lindmeier. O responsável acrescentou que da parte da OMS «não há recomendações especiais, já que as autoridades ainda têm de identificar a fonte do surto», que está concentrado em três freguesias do concelho de Vila Franca de Xira. Lindmeier reiterou que, caso seja necessário, os especialistas da organização estão prontos para apoiar as autoridades sanitárias portuguesas, que já notificaram a OMS do surto. O porta-voz da OMS destacou as medidas preventivas já tomadas pelas autoridades portuguesas e apontou que o risco de propagação internacional é mínimo, já que a zona afetada não é muito frequentada por turistas. Christian Lindmeier lembrou que não ocorreu nenhum contágio «por consumo de água na zona afetada» e frisou que «não existe contaminação direta de pessoa para pessoa» na doença do legionário. A OMS considerou hoje como «uma grande emergência de saúde pública» o surto da doença do legionário em Portugal. |