Legionella: Bactérias nas torres coincidem com as do surto 17 de novembro de 2014 O diretor geral da Saúde anunciou na sexta-feira que alguns dos doentes com legionella têm a bactéria encontrada em torres de arrefecimento de fábricas em Vila Franca de Xira, que não identificou por o caso estar «em segredo de justiça», avançou a “Lusa”. Francisco George falava aos jornalistas no final da apresentação dos resultados dos estudos epidemiológicos efetuados pela taskforce constituída para acompanhar o surto de legionella em Vila Franca de Xira, que conta com a presença dos ministros da Saúde, Paulo Macedo, e do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva. Segundo Francisco George, o surto deveu-se a uma «conjugação rara de fatores ambientais que explicam a magnitude do surto» e que incluiu «uma elevada concentração de bactérias e aerossóis em torres de arrefecimento», além de condições climatéricas específicas. «Há dados analíticos que estabelecem ligações entre bactérias encontradas em torres de arrefecimento e doentes com legionella», adiantou Francisco George. Questionado sobre quais as torres e de que empresas foram identificadas as bactérias semelhantes às encontradas nos doentes, Francisco George disse que não podia divulgar por o caso estar em «segredo de justiça», no âmbito da investigação do Ministério Público. Segundo o inspetor-geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, Nuno Banza, as análises recolhidas pelos técnicos deste organismo foram já submetidas e validadas ao Ministério Público. Ministro da Saúde: População de Vila Franca pode retomar vida normal e tomar duche sem risco O ministro da Saúde afirmou, na sexta-feira, que a população na zona de Vila Franca de Xira afetada pelo surto de legionella não tem qualquer restrição, seja a circular na rua, seja a tomar duche. Paulo Macedo, que falava no final da apresentação de um relatório sobre o trabalho desenvolvido desde que foi detetado um surto de legionella em Vila Franca de Xira, sublinhou que «a água não oferece problemas, quer em termos de ingestão, como já tinha sido dito, mas também no duche». «Não há, neste momento, qualquer problema de sair à rua, de estar no exterior, não há qualquer necessidade de utilizar máscara», afirmou Paulo Macedo, que aproveitou a ocasião para elogiar o empenho de todos os intervenientes nesta resposta ao surto, nomeadamente especialistas e profissionais como os de saúde – aproveitando para criticar a postura do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que manteve uma greve que está a decorrer. Segundo Paulo Macedo, que não revelou a empresa em cuja torre de refrigeração foi identificada a bactéria que também esteve presente nos doentes, lembrou que foram feitas análises às três maiores empresas – e a estas porque são as que têm mais torres de refrigeração – só uma tem 12 -, mas também a outros locais como hipermercados ou centros comerciais, «para não deixar pontas soltas». O ministro referiu que, numa das torres de uma das empresas – cujo nome não disse – «havia uma forte indicação que podia ser a fonte de contaminação. Passados os testes laboratoriais adicionais, temos uma probabilidade ainda mais forte daquela torre ter uma coincidência com a bactéria identificada nas pessoas doentes». Balanço DGS: Oito mortos confirmados e 317 infetados O número de mortes confirmadas por infeção com legionella subiu para oito e o número de pessoas infetadas aumentou para 317, com mais num novo caso desde sexta-feira, segundo um balanço da Direção Geral da Saúde (DGS). Segundo este organismo, o novo caso de infeção foi o único reportado desde sexta-feira, dia 14 de novembro, com ligação ao surto de Vila Franca de Xira. «Em termos acumulados, verificaram-se, até agora, 317 casos, dos quais 308 foram internados na Região de Lisboa e Vale do Tejo, três na Região Norte, cinco na Região Centro e um na Região do Algarve», refere a DGS num comunicado citado pela “Lusa”. Dos doentes internados na zona de Lisboa e Vale do Tejo, 44 já tiveram alta clínica, tal como um dos doentes que estava internado num hospital da zona Norte e outro na zona do Algarve. O balanço de vítimas mortais por doença do legionário sobe para oito, confirmando-se um que estava em investigação, em doentes com idades compreendidas entre os 52 e os 89 anos (seis homens e duas mulheres). A taxa de letalidade, estimada até ao momento, é de 2,5%. Esta tarde, será emitido um comunicado conjunto da DGS, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a fim de detalhar a evolução do surto. ADP garante que fez análises regulares e foram sempre «negativas» A Adubos de Portugal (ADP) garantiu no sábado que, desde 2012, faz análises à legionella duas vezes por ano, tendo a última sido realizada em maio, e que os resultados têm sido sempre negativos e remetidos para as autoridades competentes. Segundo fonte oficial da empresa, a «ADP Fertilizantes cumpre de forma rigorosa a lei e as recomendações decorrentes da sua licença ambiental» e vai «mais além, ao realizar análises duas vezes por ano, quando bastava uma». A mesma fonte lembrou que a lei não especifica quantas vezes devem ser feitas as análises, mas que existe uma MDT (Melhores Técnicas Disponíveis), que pode ser consultada no site da Agência Portuguesa do Ambiente, que recomenda que sejam feitas anualmente entre uma e quatro análises específicas à presença de legionella. «Desde 2012, respeitando as melhores técnicas disponíveis para este tipo de indústria, foram realizadas, por laboratórios acreditados, cinco análises de despistagem de legionella’ nas torres de arrefecimento da fábrica de Alverca e todas revelaram resultados negativos», diz um comunicado da empresa, citado pela “Lusa”. «A última análise foi feita em maio e estava previsto fazer agora a segunda deste ano, em novembro», disse a mesma fonte, acrescentando que as «autoridades foram informadas dos valores apurados». |