Legionella: Quatro mortos e 180 pessoas contaminadas 537

10 de novembro de 2014

Os últimos números apontam para quatro mortes de doentes infetados com a bactéria da legionella e 180 doentes internados, de acordo com o ministro da Saúde. Paulo Macedo avançou que ontem à noite foram encerradas as «principais torres de refrigeração» de empresas em Vila Franca de Xira, enquanto também estão a ser avaliadas casas particulares.

«Foram feitas entre ontem [sábado] e hoje [domingo] várias vistorias pela autoridade de saúde em centros comerciais e hotéis, tendo em vista analisar diversos pontos potenciais de foco da legionella», anunciou Paulo Macedo, no final de uma reunião de emergência de quase cinco horas para avaliar o surto.

O ministro disse que, por recomendação da Direção Geral da Saúde e do ministério do Ambiente, vão ser encerradas as «principais torres de refrigeração naquela área para limpeza e novas mensurações em termos da sua atividade». «Esse encerramento nas torres de refrigeração está a ser desencadeado agora», disse o ministro, que falava aos jornalistas pouco depois das 20h de domingo, de acordo com a “Lusa”.

As autoridades estão também a fazer avaliações «junto de algumas casas dos moradores», dado registar-se «uma concentração [de casos] em algumas ruas» do concelho de Vila Franca de Xira. O Instituto Ricardo Jorge tem estado a fazer análises a águas e torres de refrigeração, mas ainda não há resultados conclusivos, sendo necessário esperar «entre cinco a dez dias» para obter dados mais fiáveis.

«Não podemos obviamente esperar estes cinco a dez dias para tomar medidas, enquanto temos pessoas que podem estar a ser contagiadas», afirmou. Paulo Macedo disse ainda que a EPAL, que distribui água para os concelhos da Grande Lisboa, também fez análises que não indicaram problemas.

O ministro da Saúde admitiu a possibilidade de que o número de casos «ainda possa crescer». Questionado sobre se poderá haver intervenção humana na causa do surto, Paulo Macedo disse que é uma «possiblidade muito remota», embora reconheça que as autoridades «não a descartam».

Já Francisco George, diretor-geral da Saúde, admitiu este domingo que o surto de legionella possa estar «próximo do máximo», explicando que só uma pequena percentagem das pessoas expostas ficarão doentes, de acordo com a “Lusa”. «Do primeiro dia para o segundo dia há uma triplicação [do número de casos], e deste último dia para hoje há uma duplicação», disse Francisco George.

«O que quer dizer que poderemos estar – não quer dizer que estejamos – poderemos estar próximo do máximo, do pico deste processo. Mas não sabemos ainda», referiu.

A nível local, a câmara de Vila Franca de Xira anunciou que vai encerrar os equipamentos desportivos e suspender as aulas de Educação Física (por causa da utilização de balneários), nas freguesias mais afetadas pelo surto. Também foram desligados os sistemas de rega e as fontes ornamentais na Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e Vialonga.

Em dois dias, morreram quatro pessoas infetadas. A DGS aconselha que, como prevenção, as pessoas optem por tomar banho sem ser duche, para evitar a criação de gotículas de água que, ao serem inaladas, podem ser fonte de transmissão da bactéria. Evitar a utilização de jacuzzi, saunas e hidromassagens é outra das recomendações.

Paulo Macedo assegura que os hospitais da Grande Lisboa estão com capacidade para receberem mais doentes. «Primeiro mobilizamos os hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo e ainda temos aqui capacidade», assegurou, recordando que está no terreno «desde o início» um plano de contingência, que envolve ainda outros hospitais, como «o caso de Lisboa Ocidental e o Fernando da Fonseca [Amadora-Sintra]».

«Estamos a abrir camas em algumas áreas, nomeadamente no Pulido Valente, e no hospital de Lisboa Central podemos abrir camas para doentes não ventilados», mencionou o responsável da Saúde. Os hospitais, acrescentou, «têm respondido exemplarmente».