Legionella: Um mês e 10 mortos depois apuram-se responsabilidades 05 de dezembro de 2014 Os primeiros casos de legionella do maior surto em Portugal foram conhecidos a 07 de novembro, um mês depois contabilizam-se 10 mortos, dezenas de doentes ainda internados e uma empresa sob suspeita de ser a fonte da contaminação, divulgou a “Lusa”. O surto, o terceiro com mais casos em todo o mundo, foi considerado extinto a 21 de novembro, no final da última reunião da task-force criada para acompanhar o assunto, com entidades da saúde, ambiente ou meteorologia, quando o ministro da Saúde realçou a resposta dos hospitais que «trataram mais de 300 pneumonias». Com a divulgação de resultados laboratoriais a apontar para uma relação entre as bactérias recolhidas em doentes para análise e aquelas encontradas numa torre de refrigeração da empresa Adubos de Portugal, e com o caso a passar para a Procuradoria-Geral da República, o segredo de justiça é o argumento de algumas entidades, como a Inspeção Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT), para não se falar sobre o desenvolvimento do processo. No início, dava-se conta da entrada de 13 pessoas no Hospital de Vila Franca de Xira com sintomas que apontavam para episódios provocados pela bactéria legionella, mas relacionavam as situações com o facto de todas terem bebido água. O número de casos foi aumentando e os doentes apareciam em vários pontos do país e mesmo no estrangeiro, tendo como ponto em comum a passagem pela região de Vila Franca de Xira, nomeadamente nas freguesias de Forte da Casa e da Póvoa de Santa Iria, tendo sido acionado um plano de contingência. Perante a preocupação dos habitantes, foi esclarecido que a doença do legionário, provocada pela legionella pneumophila, não é transmitida por se beber água, contraindo-se pela inalação de gotículas de vapor de água contaminada de dimensões muito pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. O diretor-geral da Saúde, Francisco George, aconselhou, por isso, as pessoas a não tomar duches nem utilizar hidromassagens ou jacuzis até que fosse identificada a fonte da infeção, mas garantiu ser seguro consumir água da rede pública. No entanto, como medida de prevenção, os reservatórios de Vila Franca de Xira foram desinfetados e a água que abastece as zonas mais afetadas foi tratada com cloro. Como alguns especialistas esclareceram, a infeção pela legionella está associada a uma deficiente manutenção de aparelhos de ar condicionado ou equipamentos de refrigeração de unidades industriais, por exemplo, criando-se as condições ideais para a bactéria se multiplicar e atingir um grau de concentração que pode ser prejudicial à saúde, ou mesmo causar a morte a pessoas mais fragilizadas. Sem saber a origem da contaminação, e com a estimativa de que a primeira exposição terá sido anterior a 18 de outubro, foi anunciado e encerramento de piscinas públicas e balneários da região, assim como das principais torres de refrigeração de empresas, ao mesmo tempo que eram feitas vistorias pelas autoridades de saúde em locais públicos, como centros comerciais e hotéis. Os técnicos da IGAMAOT realizaram ações extraordinárias de fiscalização em algumas empresas, tendo o grupo sido restringindo a cinco, entre as quais a Solvay, a DanCake e a Adubos de Portugal. Ao longo das semanas, foram várias as críticas vindas de especialistas, associações profissionais, ambientalistas e partidos políticos da oposição. Na área do Ambiente, as principais referem que, devido à alteração da legislação, desde novembro de 2013 que não se fazem auditorias à qualidade do ar interno nos edifícios, e que com a crise económica, as ações de fiscalização foram reduzidas. Este surto foi considerado uma «grande emergência de saúde pública» pela Organização Mundial de Saúde. |