Liga contra o Cancro quer debater a necessidade da medicina centrada no doente 651

Liga contra o Cancro quer debater medicina centrada no doente

08 de Outubro de 2015

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) vai organizar em Coimbra uma conferência, a 12 e 13 de novembro, sobre “cancer patient advocacy”, conceito que propõe que os cuidados médicos se centrem no doente e não na doença.

 

A Liga quer propor um debate, envolvendo diferentes intervenientes, sobre a implementação de “patient advocacy” em Portugal, um conceito que aborda «a medicina centrada no doente, a participação do doente na decisão do diagnóstico e do tratamento e a proteção do doente em relação ao erro em saúde», disse à agência “Lusa” o presidente do núcleo regional do Cento da LPCC, Carlos Oliveira.

 

O conceito, nascido nos Estados Unidos nos anos 1950, aborda a defesa e proteção dos doentes, mas não só, referiu Carlos Oliveira, considerando importante abordar este conceito em Portugal, em especial para doenças crónicas, como é o caso do cancro.

 

«A importância é centrar a medicina e os cuidados médicos no doente e não na doença», salientou Carlos Oliveira, frisando que atualmente «os médicos estão mais preocupados em tratar doenças do que em tratar doentes», sendo que «pouco ou nada está feito» no sentido de inverter essa situação.

 

No caso do cancro, a participação do doente na decisão «é muito importante, porque em diferentes situações há diferentes tipos de tratamento com o mesmo resultado final, mas com consequências diferentes, e o doente tem de interferir na decisão», esclareceu, sublinhando que é necessário que se afaste da ideia, muitas vezes presente no doente, de que «o senhor doutor é que sabe e é que decide».

 

«Muitas vezes, os médicos esquecem-se de que o doente está preocupado com a doença que tem, que pode ter problemas no seio familiar, no emprego ou na aceitação da própria doença», sendo que o “patient advocacy” pode ajudar a encarar o doente «no seu ambiente, na sua globalidade».

 

O próprio conceito poderá ajudar a educar os doentes para estes perceberem «porque devem ajudar na decisão e não devem deixar exclusivamente no médico a decisão», apontou Carlos Oliveira.

 

Por agora a Liga ainda não sabe como poderá ser implementado o “patient advocacy” em Portugal, sendo a conferência que se realiza em novembro uma oportunidade para se encontrarem «respostas» e modelos de atuação, explanou.

 

Na conferência, que decorre no Hotel Vila Galé, vão estar diversas instituições representadas, como Faculdades de Medicina, Ordem dos Médicos e dos Enfermeiros, o Centro de Direito Biomédico da Universidade de Coimbra, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Direção-Geral de Saúde, INFARMED ou a Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, entre outras entidades.