04 de Abril de 2016 As situações de doentes carenciados que chegam à Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) têm vindo a aumentar, tendo a instituição disponibilizado quase 800 mil euros em 2015 para compra de medicamentos, próteses, transportes e alimentação. Em declarações à agência “Lusa”, a propósito dos 75 anos da instituição, assinalados na segunda-feira, o presidente da LPCC, Vítor Veloso, adiantou que a instituição acode a estas situações, que «são cada vez mais prementes e cada vez mais numerosas». «Queremos auxiliar o doente oncológico não só no que diz respeito ao apoio psicoemocional, mas também economicamente», dando-lhes «dinheiro para transportes, medicamentos, alimentação, renda de casa, eletricidade e para muitas coisas, porque efetivamente o país não está bem e há pessoas muito carentes», disse Vítor Veloso. Fundada a 4 de abril de 1941 pelo médico Francisco Gentil para suprir as carências do Estado em matéria de financiamento do tratamento do cancro, a LPCC tem vindo a expandir o seu trabalho, mobilizando os seus recursos financeiros para a prevenção e apoio à investigação da doença, nunca descuidando o apoio ao doente. Vítor Veloso estima que, ao longo dos 75 anos, a Liga Portuguesa Contra o Cancro tenha apoiado, «no mínimo, meio milhão de habitantes». «O trajeto da Liga foi sempre crescendo e, neste momento, (…) somos a maior organização não-governamental do país a nível dos cuidados de oncologia», disse Vítor Veloso, lembrando que a instituição vive exclusivamente de donativos da população, de heranças e dos contributos do IRS. Uma das mais importantes iniciativas da LPCC é o programa nacional de rastreio de cancro da mama. No ano passado, foram realizadas 295.122 mamografias em 27 unidades móveis e seis fixas. Segundo Vítor Veloso, a instituição foi pioneira nos cuidados continuados e paliativos: «Há 20 anos já tínhamos o maior centro no Porto e que ainda é o maior do país». Dados da Liga referem que, em 2015, foram acompanhados 7.332 doentes nos seus centros de dia e 97 doentes nos seus lares. Este ano, o núcleo regional do Norte vai avançar com a construção de um lar com várias valências (cuidados continuados, paliativos e centro de dia), revelou o responsável. «Temos que pensar nos lares de cuidados continuados e de cuidados paliativos na medida em que há um défice muito grande de camas e os nossos hospitais que deviam estar a tratar doentes estão a acolher esses doentes que não estão bem nos hospitais e estão a gastar muito dinheiro ao Estado», sublinhou. O apoio à investigação também faz parte da missão da Liga, que atribuiu, no ano passado, 533.984 euros em 24 bolsas de investigação. «Ajudamos a criar bolsas para jovens investigadores, porque não queremos que vão para fora», disse Vítor Veloso, adiantando que a instituição também apoia a formação de médicos e outros profissionais de saúde. Em 2015, a Liga ministrou 109 ações de formação para 4.204 profissionais de saúde. Também realizou 634 ações de sensibilização nas escolas, que envolveram 86.854 alunos do ensino básico e secundário, e 30 campanhas de prevenção dirigidas à população. Nos últimos dez anos a Liga «cresceu muito» e soube adaptar-se: «Hoje somos uma organização não-governamental modernizada, apta e adaptada a tudo o que o doente oncológico e a sua família necessitam», sublinhou. Também cada vez mais defende «os direitos dos doentes oncológicos que, infelizmente, são muitas vezes atropelados ou ignorados». A cerimónia das comemorações dos 70 anos da Liga decorre na segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. |