Uma pessoa com cancro está mais suscetível a diversas infeções que podem causar o adiamento de tratamentos ou cirurgias, com possível impacto no prognóstico da doença oncológica, e com risco de sequelas graves ou mesmo fatais. Só o risco de morte por COVID-19 nesta população específica pode ser até quatro vezes superior à da população geral, pelo que a Liga Portuguesa Contra o Cancro e a Associação Careca Power, em comunicado, apelam à vacinação adequada a cada situação clínica, como forma de diminuir a gravidade de infeções que podem surgir devido à imunossupressão provocada pelos tratamentos ou pela própria doença.
“As pessoas devem questionar e pedir sempre informação à equipa clínica que as acompanha, médico e/ou enfermeiro, de forma a decidir que vacinas realizar e quando, adaptando o plano vacinal a cada situação particular e minimizando possíveis riscos associados. Estamos no inverno e sendo esta uma altura do ano em que o vírus da gripe circula com mais intensidade, devemo-nos proteger. O mesmo sucede em relação à COVID-19”, alerta Cristina Coelho, sócia fundadora da Careca Power, uma associação que tem como missão apoiar todos aqueles que tiveram diagnóstico de cancro, bem como as suas famílias e amigos, promovendo o sorriso, a esperança e a força nesta fase da vida.
Em vésperas de mais um Dia Mundial do Cancro, Cristina Coelho, também ela em tratamentos devido a um cancro do pulmão, dá o seu testemunho e faz um apelo público à vacinação, que, não sendo a cura por si só, pode fazer toda a diferença na evolução da doença. “É importante deixar uma mensagem de esperança e de força e frisar que a vacinação é uma forma de prevenção”, explica.
A infeção, principalmente quando é grave, com necessidade de internamento ou outras complicações associadas, pode atrasar ciclos de quimioterapia ou até mesmo cirurgias. “Um atraso de um mês no tratamento em muitos tipos de cancro pode traduzir-se num aumento do risco de morte entre 6% a 13%”, reforça, por outro lado, Andreia Capela, presidente da Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia (AICSO) e médica oncologista no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia – Espinho.
“A vacinação é um direito universal. Garantir equidade no acesso a este direito deve ser uma prioridade. Profissionais de saúde e utentes mais informados e esclarecidos estarão mais protegidos de infeções que acarretam complicações graves”, acrescenta Andreia Capela.
A campanha de sensibilização para a vacinação no doente oncológico, à qual se associa a Liga Portuguesa Contra o Cancro e a Associação Careca Power, vai prolongar-se até à Semana Mundial da Vacinação, que se assinala todos os anos em abril. Dinamizada pela AICSO e pela Direção-geral da Saúde (DGS), em parceria com diversas associações e sociedades profissionais na área da Saúde visa sensibilizar profissionais de saúde e população para a importância, indicações e contraindicações de diferentes vacinas na pessoa com doença oncológica.
O objetivo é levar as pessoas com diagnóstico de cancro a questionarem as suas equipas de saúde sobre a vacinação e, em simultâneo, incentivar essas equipas a estarem mais atentas a esta temática e a disponibilizarem informação fidedigna sobre a vacinação aos doentes e seus cuidadores.