Linha de Saúde 24 estranha protesto de trabalhadores «insensíveis» 376

Linha de Saúde 24 estranha protesto de trabalhadores «insensíveis»

27-Jan-2014

A empresa que gere a linha de cuidados de saúde Linha Saúde 24 estranhou na sexta-feira o protesto anunciado por trabalhadores, acusando-os de «grande insensibilidade» e de o «mais completo desrespeito» para com os portugueses.

Os trabalhadores da Linha Saúde 24 anunciaram que iam vão parar entre sexta e domingo em protesto contra a situação dos enfermeiros que trabalham neste serviço, incluindo os despedimentos e os cortes de salário.

Em comunicado, a Linha de Cuidados de Saúde disse ter sabido informalmente de que «um grupo que não ultrapassa a dezena de prestadores de serviço» promoveu «um boicote à Linha Saúde 24», uma situação «grave».

No mesmo comunicado afirma-se que face à crise se está a fazer uma «adequação» dos custos da Linha, tendo cada um dos profissionais que lá trabalha conhecimento da nova realidade, sendo livre para aceitar ou não.

«Até ao momento, contamos com mais de 250 profissionais que compreenderam esta nova realidade. Recordamos que cerca de 97% dos profissionais que prestam serviço na Linha tem a sua ocupação principal em instituições do Serviço Nacional de Saúde», indicava o comunicado.

Segundo um representante dos trabalhadores, Tiago Pinheiro, em declarações à “Lusa”, a paragem dos enfermeiros começou às 16:00 e terminou no domingo. Na sexta-feira, cerca de uma dezena de enfermeiros protestaram nas galerias do hemiciclo da Assembleia da República após a discussão de projetos de resolução de PCP e BE que visavam a regularização dos trabalhadores da Linha Saúde 24.

Os enfermeiros da Linha estão contra os «despedimentos sem lei a mais de uma centena de trabalhadores». No dia 4 os funcionários tinham parado durante 24 horas, em protesto contra os despedimentos em curso, que consideram ser uma «retaliação clara por parte da empresa por estes trabalhadores não terem aceitado a redução salarial e exigirem um contrato de trabalho em vez do ilegal falso recibo verde».

 

Mais de metade dos trabalhadores da Linha Saúde 24 aderiu à paragem do serviço

 

Mais de metade dos trabalhadores da Linha Saúde 24, no Porto e em Lisboa, aderiu à paragem do atendimento telefónico ao público em protesto contra despedimentos e cortes de salário, disse no sábado à agência “Lusa” uma representante.

De acordo com Márcia Silva, membro da comissão informal de trabalhadores, a adesão à paragem, que começou sexta-feira às 16:00 e se prolongou até às 08:00 de segunda-feira, atingiu «entre 50 e 60%».

«Em Lisboa, dos 25 enfermeiros escalados para os turnos, apenas 13 compareceram ao trabalho e no Porto, dos 23 existentes, ficaram só oito», indicou Márcia Silva.

De acordo com Márcia Silva, cerca de uma centena de trabalhadores «foi despedida porque não quis aceitar a redução de salário».

«Estamos no pico do período da gripe e hoje está a verificar-se um tempo médio de espera entre 10 a 12 minutos. A fila de espera de chamadas no atendimento é de 40 pessoas», indicou.

 

Empresa gestora da Saúde 24 vai pedir audiência urgente à Ordem dos Enfermeiros

 

A empresa que gere a Linha Saúde 24 vai pedir uma audiência urgente à Ordem dos Enfermeiros para expor o que considera ser situações de falta de ética de alguns profissionais que perturbam um serviço público.

Em declarações à agência “Lusa”, o administrador da empresa admitiu que o «boicote» dos trabalhadores causa perturbações ao atendimento da Linha, lamentando a falta de princípios éticos de «um grupo minoritário» de profissionais.

«Preocupa-nos porque é um serviço público que está em causa. Sobretudo quando circula uma mensagem a pedir aos enfermeiros que não compareçam ou que demorem mais tempo a atender os utentes, isto demonstra falta de princípio ético da parte de quem o propõe», afirmou à agência “Lusa” Luís Pedroso Lima.

Por isso, a empresa vai pedir à Ordem dos Enfermeiros uma audiência urgente, indicando não compreender como é que profissionais a que se associa a prestação de serviços de «altíssima qualidade incentivem outros a ter falta de ética e profissionalismo».

«Nós reconhecemos o direito a todos os prestadores de serviço de aderirem ou não à nova fórmula remuneratória proposta pela empresa. O que não é tolerável é que um grupo absolutamente minoritário de prestadores de serviço tenha este tipo de comportamentos que são do lado ético», afirmou o administrador.

Luís Pedroso Lima vincou que 97% dos enfermeiros que trabalham na Saúde 24 têm um primeiro emprego nos hospitais públicos, até porque a empresa privilegia a prática hospitalar na contratação dos profissionais.

Em média, os enfermeiros fazem cerca de 18 horas semanais de trabalho na Linha. Segundo a comissão informal de trabalhadores, dos cerca de 40 enfermeiros que estavam escalados para os turnos da manhã de sábado só compareceram 18.