Livro Branco das Farmácias foi apresentado. Leia aqui 1661

O Livro Branco das Farmácias Portuguesas, divulgado esta segunda-feira, lança um repto aos decisores políticos, reguladores e parceiros para alterações e propostas concretas que melhorem a sustentabilidade do sistema de Saúde, através de modelos colaborativos com as farmácias.

Lançado na Conferência “As Farmácias na Jornada da Saúde das pessoas”, sessão promovida pela Associação Nacional das Farmácias (ANF), que está a decorrer na Assembleia da República, o livro branco reflete “a relação da farmácia e dos seus profissionais de saúde com as pessoas e materializa a sua intervenção na sociedade”.

Na apresentação do documento, que pode ler clicando aqui, com 154 páginas, a presidente da ANF, Ema Paulino, afirmou que “este Livro Branco não partiu de uma folha em branco”.

Ema Paulino sublinhou que o desenvolvimento farmacêutico ao longo de décadas, onde as farmácias se foram adaptando às necessidades da população e da sociedade, numa missão de “otimizar a efetividade das terapêuticas e contribuir para melhor qualidade de vida das populações”.

A presidente da ANF destacou as propostas presentes no documento em que as farmácias podem apoiar o sistema de Saúde, como a prevenção e rastreio de hepatites virais, VIH e outras infeções, a integração nos rastreios nacionais, a referenciação para outros níveis de cuidados e uma intervenção ativa na saúde mental e prescrição social, sinalizando e encaminhando pessoas para as instituições adequadas, se necessário.

Realçou ainda o conceito de “farmacêutico de família”, uma medida que considera ter “um enorme potencial”, numa perspetiva de haver esta figura com quem o médico de família e o enfermeiro de família podem interagir e dessa forma potenciar, enquanto equipa multidisciplinar de saúde, os cuidados que são prestados à população.

Presente na conferência, o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, afirmou que o Livro Branco está “muito bem estruturado e abre um conjunto de dimensões que podem e devem ser exploradas”.

“Importa agora que este livro branco não fique numa prateleira qualquer de uma biblioteca ou numa ‘cloud’ [nuvem] algures no sistema”, comentou, considerando que o documento contém “propostas inovadoras e medidas que são motivo de reflexão há alguns anos, mas por várias razões, nunca foram implementadas”.

Para Fernando Araújo, este “é o tempo de fazer acontecer”: “Temos uma janela de oportunidade. Eu diria que politicamente a situação é mais complexa, mas não é isso que nos deve demover de tecnicamente atingirmos resultados, defendendo os cuidados de saúde aos portugueses”.

Para isso, defendeu, “é necessário algo, como o que foi feito na construção deste Livro Branco, que é uma parceria e um envolvimento de todos os agentes do sistema de saúde”, para permitir acesso e equidade aos cuidados de saúde, “olhando sempre numa perspetiva de futuro”.

Fernando Araújo realçou o papel das mais de 3.000 farmácias e postos farmacêuticos em todo o país, com mais de 10 mil farmacêuticos “altamente qualificados, em quem os portugueses confiam e por isso é tempo de os integrar uma política ativa de saúde pública”.

Segundo a ANF, o Livro Branco das Farmácias Portuguesas é “uma ferramenta orientadora do desenvolvimento das farmácias na próxima década, que tem como objetivo ser uma peça essencial para projetar o futuro do setor e da sua ação no contexto da Saúde”.

O livro materializa a ambição das farmácias em continuar a transformar os cuidados de saúde e propõe áreas prioritárias de atuação numa jornada tridimensional para a farmácia: “Transformação da jornada da saúde das pessoas”, “Capacitação profissional e tecnológica catalisadora da mudança” e “Conhecimento e regulação ao serviço da sociedade”.