Luís Portela: A saúde em Portugal faz-se bem mas tem de construir reputação internacional
A saúde que se faz em Portugal faz-se bem e tem um grande potencial de desenvolvimento, contudo precisa de construir uma reputação internacional, disse hoje à “Lusa” o presidente não executivo da Bial, Luís Portela. Antecipando a sua intervenção no seminário “O grande potencial do desenvolvimento da saúde”, que decorre hoje na Universidade Portucalense, no Porto, Luís Portela considerou que a saúde no nosso país se faz bem nas três vertentes, nomeadamente na investigação, cuidados e empresarial, apesar de por vezes merecer críticas. A nível da investigação Portugal evoluiu muito nos últimos 10 a 15 anos, dado o número de investigadores na área das ciências da saúde ser o dobro do que era há 10 anos e o número de publicações científicas ser duas vezes e meia superior, explicou. «Temos gente muito boa que publica nos melhores sítios, nos melhores jornais da especialidade», vincou. Também a área dos cuidados de saúde tem estado «bastante bem», considerou, apesar de entender que há sempre melhorias a fazer. Luís Portela asseverou que globalmente os indicadores são favoráveis, dado a esperança média de vida à nascença ter aumentado substancialmente e a mortalidade infantil ter diminuído muito, sendo das mais baixas do mundo. Quanto à vertente empresarial, o presidente não executivo recordou que apesar das condições difíceis dos últimos anos devido à crise económica, as empresas da área da saúde continuaram a investir razoavelmente em investigação, tanto que, na área das patentes entre as 20 empresas que mais patenteiam em Portugal ou a partir de Portugal para o mundo 10 são da área da saúde. O número de exportações duplicou nos últimos 10 anos, tendo o país exportado em 2016 e 2017 cerca de 1,4 mil milhões de euros, o que é o dobro do que exportava há 10 anos e mais do que exportam todos os vinhos e cortiças, avançou. Considerando que a saúde em Portugal tem um grande potencial de desenvolvimento, Luís Portela frisou que para «dar o salto» precisa de ser melhor conhecida no exterior. «Os europeus conhecem-nos pelos bons vinhos e pela cortiça, mas não nos conhecem pela saúde que se faz, precisamos de construir uma reputação internacional em torno da saúde», entendeu. Luís Portela adiantou que Portugal tem muito conhecimento nas instituições e universidades, conhecimento esse que tem de ser transferido para as empresas, sejam elas nacionais ou internacionais, acrescentando ser importante criar riqueza a partir do conhecimento acumulado. Na sua opinião, Portugal tem oportunidade de negócio na área do medicamento, prestação de cuidados e investigação porque oferece qualidade de serviços a preços razoáveis e competitivos a nível internacional. «Há capacidade de negócio, há capacidade de atrair empresas multinacionais», terminou. |