Maioria dos hospitais do SNS apresenta ruturas regulares de medicamentos 502

Mais de 70% dos hospitais integrantes do Serviço Nacional de Saúde enfrentam ruturas regulares de medicamentos, mostram os novos dados do Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar.

Promovido pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, apoio da Ordem dos Farmacêuticos (OF) e Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares e coordenação científica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, o Índex mostra que três em cada quatro hospitais do SNS têm ruturas regulares de medicamentos.

A apresentação do trabalho contou com a participação da farmacêutica hospitalar Helena Catarino, membro do Conselho do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar da OF, que “reiterou a relevância das funções dos farmacêuticos hospitalares para garantia da qualidade e do acesso aos medicamentos em ambiente hospitalar”, explica a OF no seu site. A profissional desatacou ainda as “responsabilidades das Comissões de Farmácia e Terapêutica e articulação entre hospitais e com o Infarmed para resolver problemas de ruturas de medicamentos”.

Para si, “os farmacêuticos estão sobrecarregados com tarefas e funções do foro administrativo, que impedem a generalização de outros serviços e valências, como a Consulta Farmacêutica. Muitos farmacêuticos ainda não podem escrever as suas notas no processo clínico dos utentes, o que impede a partilha de informação útil com outros profissionais envolvidos na prestação de cuidados aos doentes”, lê-se.

O Índex Nacional do Acesso ao Medicamento Hospitalar mostra que estas ruturas ocorrem de forma regular em 73% das instituições, sendo que 32% são afetadas por ruturas mensais, 23% semanais e 18% diárias. Em 27% dos casos, as ruturas dizem respeito a medicamentos genéricos. 86% dos hospitais tem um departamento, núcleo ou pessoa responsável por solucionar os problemas relacionados com as ruturas, mas só em 27% é avaliado o impacto destas ruturas.

A carga administrativa é a principal barreira ao acesso ao medicamento nos hospitais portugueses, que apontam ainda a falta de recursos para cumprir as regras de contratação pública, indica o estudo.