Um inquérito hoje divulgado revela que a maioria dos portugueses considera que os apoios públicos e privados em Portugal para a investigação na área da saúde são insuficientes para as necessidades.
A sondagem foi realizada pela empresa de estudos de mercado Spirituc para a AstraZeneca, a comemorar 25 anos em Portugal e que organiza hoje um evento nas suas instalações, em Barcarena, Oeiras, que inclui uma mesa-redonda sobre os desafios e contributos futuros da ciência para a saúde com a participação de académicos e do ex-ministro da Educação Marçal Grilo.
O estudo de opinião agrega informação recolhida entre 17 de outubro e 05 de novembro a partir de questionários online e envolve uma amostra de 1.007 pessoas com 18 ou mais anos, a maioria (96%) portugueses e mulheres (51%) e mais de metade com formação superior e empregados por conta de outrem.
Segundo o estudo ‘Ciência em Portugal: Perceções e Atitudes – A Visão dos Portugueses’, referido pela Lusa, a maioria (57,8%) das pessoas considera que os apoios em Portugal à investigação na área da saúde, públicos e privados, são insuficientes para as necessidades e mais de metade (64,4%) acha que o setor privado deveria ter um papel mais ativo, por exemplo na atribuição de bolsas de investigação.
Quase sete em cada 10 portugueses reconhecem que Portugal tem grandes cientistas, mas que são obrigados a emigrar para desenvolverem o seu trabalho.
Apesar desse reconhecimento, a maioria (71,5%) dos inquiridos não conhece um cientista português ou alguém que se tenha destacado na ciência em Portugal.
Numa subamostra de 287 inquiridos que responderam conhecer um nome da ciência nacional, um terço designou Egas Moniz como o maior cientista português de todos os tempos, seguindo-se António Damásio (17,8%) e Sobrinho Simões (9,1%).
De acordo com a sondagem, a inteligência artificial (IA) surge à cabeça como o domínio que teve maiores avanços nos últimos 25 anos e que terá nos próximos 25, sendo considerada pela maioria (63,8%) das pessoas como tendencialmente vantajosa para a ciência, embora a sua utilização possa ter riscos associados.
Depois das vacinas para a COVID-19, como a que foi produzida pela farmacêutica AstraZeneca, a IA é apontada como o desenvolvimento científico mais marcante no mundo no último quartel de século.
Segundo o inquérito, mais de metade (74,7%) dos portugueses procuram informação relacionada com ciência, saúde e novos desenvolvimentos científicos, acima de tudo através de motores de busca e páginas generalistas na internet, apesar de esta ser uma fonte por vezes duvidosa para metade das pessoas.
Não obstante o interesse pela ciência ou saúde, metade das pessoas visita raramente exposições ou museus e lê ocasionalmente notícias sobre estas temáticas. Quase metade assiste esporadicamente a documentários de cariz científico.
Menos de metade dos inquiridos manifesta ter bons conhecimentos sobre tecnologias da informação, IA, energias renováveis e inovação na saúde e na ciência.
A maioria (80,2%) acha que os portugueses não estão informados sobre as principais investigações e inovações científicas na área da saúde desenvolvidas em Portugal, com mais de metade (55,5%) a considerarem que a forma como o conhecimento e os novos desenvolvimentos científicos são comunicados é tendencialmente difícil de compreender para a generalidade das pessoas.
O inquérito ‘Ciência em Portugal: Perceções e Atitudes – A Visão dos Portugueses’ conclui que oito em cada 10 pessoas estão interessadas em inovações científicas, sobretudo relacionadas com meios de diagnóstico e tratamento, identificação precoce de doenças, novos medicamentos e vacinas, meio ambiente e energias renováveis, que são também os campos que “têm maior impacto na vida”.