A maioria dos rios, lagos, águas de transição e costeiras da Europa está poluída com pelo menos um dos muitos compostos químicos persistentes e nocivos para pessoas e natureza.
Numa avaliação publicada esta segunda-feira (dia 09), a Agência Europeia do Ambiente (AEA) apresenta, de acordo com a Lusa, uma panorâmica do problema da poluição pelos chamados ‘químicos eternos’ nos rios e nos lagos, mas também nas águas costeiras e de transição (adjacentes à foz dos rios).
Os ‘químicos eternos’ são compostos sintéticos do grupo das substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas (PFAS), que resistem à degradação e são prejudiciais para a saúde e ambiente.
Dos cerca de dez mil compostos da ‘família’ PFAS, faz parte o perfluorooctanossulfonato (PFOS), substância que já é considerada como poluente global. Segundo a AEA, citando dados de 2022, de cerca de 1.300 sítios de monitorização na Europa, 59% dos sítios em rios, 35% dos sítios em lagos e 73% dos sítios em águas de transição e costeiras excederam a norma de qualidade ambiental para o PFOS.
Os dados de monitorização indicam que o PFOS está disseminado pelas águas da União Europeia (UE) e excede com frequência os limiares que foram estabelecidos para evitar riscos para a saúde humana e ambiental.
A nota informativa da AEA refere que ainda é difícil tirar conclusões sobre a extensão do problema em toda a Europa, devido às incertezas e lacunas nos dados comunicados.
Mas a presença generalizada de PFOS nas águas europeias, e potencialmente de muitos outros PFAS, é “um claro desafio à ambição da UE de poluição zero para um ambiente sem substâncias tóxicas” e compromete o objetivo político de alcançar um bom estado químico das massas de água da Europa até 2027, o mais tardar.
“Os resultados evidenciam um desafio na concretização dos objetivos da ambição de poluição zero para um ambiente livre de substâncias tóxicas e na obtenção de um bom estado químico ao abrigo da Diretiva-Quadro Água”, refere a AEA.
A nota acrescenta que as novas provas apresentadas apoiam a proposta de alteração da Diretiva-Quadro, para alargar a lista de substâncias prioritárias (incluindo mais PFAS) e a necessidade de rever os limites de PFAS especificados na Diretiva “Água potável”.
Na recente avaliação “O estado da água na Europa” a AEA diz que apenas 29% das águas europeias alcançaram um bom estado químico no período 2015-2021.
As PFAS, além da persistência no ambiente, têm o potencial de se acumularem em organismos vivos e de se transportarem a longas distâncias, têm elevada mobilidade na água, solo e ar, e têm efeitos toxicológicos com impacto nos seres humanos e no ambiente.