Mais crianças com baixo peso em Portugal, menos obesidade e excesso de peso 551

Mais crianças com baixo peso em Portugal, menos obesidade e excesso de peso

10 de Setembro de 2015

As crianças com baixo peso estão a aumentar em Portugal, tendo a obesidade e o excesso de peso diminuído nos últimos anos, segundo um relatório sobre o estado nutricional infantil.

 

O Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI) monitoriza a obesidade infantil em vários países europeus, sendo coordenado e conduzido cientificamente pelo Instituto nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em articulação com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

 

Para esta terceira fase do COSI Portugal (2012/2013), foram avaliadas 5.935 crianças com seis (30%), sete (44,6%) e oito (25,4%) anos de idade, de 196 escolas do primeiro ciclo do ensino básico.

 

O grupo etário alvo é considerado chave, pois «precede a puberdade e é fundamental para prever a obesidade na idade adulta».

 

De acordo com o relatório do período 2012/2013, a que a agência Lusa teve acesso, a prevalência de baixo peso foi de 2,7% em 2013. Em 2010, esse valor era de 0,8% e de um por cento em 2008.

 

A prevalência de baixo peso foi maior na região dos Açores (13%).

 

Ana Isabel Rito, do Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA e uma das autoras do relatório, disse à “Lusa” que «estes resultados não podem ser vistos de forma isolada».

 

«Preocupa-nos os dois lados desta mesma moeda: uma criança com má nutrição é uma criança que pode apresentar excesso de peso e obesidade ou baixo peso para a idade», afirmou.

 

Para esta nutricionista, «os condicionantes que levam à apresentação desta doença são explicados pelo mesmo fenómeno, a situação socioeconómica das famílias e muitos outros fatores que contribuem para estes resultados».

 

O COSI Portugal 2013 dá conta de uma diminuição da prevalência de excesso de peso e da obesidade.

 

Segundo os dados agora conhecidos, em 2013 a prevalência do excesso de peso, incluindo obesidade, foi de 31,6% (35,7% em 2010 e 37,9% em 2008) e a obesidade atingia os 13,9% (14,7% em 2010 e 15,8% em 2008).

 

Apesar desta «evolução positiva», os autores lembram que Portugal continua a ser um dos países com maior prevalência de excesso de peso e obesidade infantil.

 

O excesso de peso foi mais significativo nas crianças com oito anos, comparando com as de seis e sete anos.

 

Aos sete anos, as raparigas mostraram quase sempre maior prevalência de baixo peso, excesso de peso e obesidade, em comparação com os rapazes.

 

A maior prevalência de excesso de peso registou-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (26,2%), enquanto o Centro foi a região com maior prevalência de obesidade (9,1%).

 

Para Ana Isabel Rito, todas estas crianças sofrem de «fome nutricional».

 

«Preocupa-me o facto de termos uma em cada três crianças com excesso de peso e quase três por cento com baixo peso para a idade», disse, acrescentando que, «muito provavelmente, estarão relacionadas com as questões socioeconómicas que as famílias têm vindo a passar nos últimos anos».

 

«Ainda há muito a fazer, principalmente do apoio a estas famílias no sentido delas conhecerem os alimentos mais interessantes – que não são necessariamente os mais caros – para a saúde dos seus filhos. E este é o passo que temos de dar a seguir», defendeu.

 

Segundo Ana Isabel Rito, as preocupações sentem-se «quer de um lado, quer do outro». «Ainda temos prevalências elevadas ao nível da obesidade e do excesso de peso, e também com o baixo peso», frisou.

 

«Provavelmente devemos incluir estas crianças [com baixo peso para a idade] nestas abordagens, para que se possa melhorar o estado nutricional das mesmas», disse.