Mais de 20% dos portugueses sofre de anemia mas maioria desconhece 652

16 de Abril de 2015

Mais de 20% da população portuguesa, das quais 50% grávidas, sofre de anemia. Cansaço, palidez, queda de cabelo, falta de ar, intolerância ao frio são alguns dos sintomas mais comuns desta doença, mas que facilmente passam despercebidos – 84% das pessoas desconhecem ter anemia.

Estes dados resultam do estudo Empire, feito pelo Anemia Working Group Portugal (AWGP) com o apoio da farmacêutica OM Pharma, realizado a partir de entrevistas presenciais e de análises feitas em 2013 a 7.890 pessoas com mais de 18 anos, e que traça um cenário que preocupa os especialistas.

«A anemia é uma epidemia, com uma característica muito especial que é ser uma epidemia oculta. O que sabemos dela é provavelmente muito menos do que a sua realidade, quando muitas vezes é um sinal de alerta para uma patologia subjacente grave», explicou, ao “Público”, António Robalo Nunes, presidente do AWGP e imunohemoterapeuta do Centro Hospitalar Lisboa Norte.

«A anemia condiciona de forma inegável a qualidade de vida dos doentes», acrescentou Cândida Fonseca, investigadora principal do estudo. Para a cardiologista do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, o atual trabalho vai permitir conhecer a verdadeira realidade portuguesa e delinear estratégias para grupos e zonas específicas. Isto porque, além da prevalência geral, há grandes diferenças associadas ao sexo (20,8% das mulheres com anemia contra 18,9% dos homens), à baixa escolaridade e à idade, com a maior prevalência a acontecer entre os 18 e os 34 anos e, depois, acima dos 75 anos.

«A anemia é a diminuição da concentração de hemoglobina, do número de glóbulos vermelhos no sangue, e com isso fica comprometida uma das mais nobres missões, que é a capacidade de transporte de oxigénio», sublinhou, alertando para as consequências para o doente até em termos de desempenho cognitivo.

«A anemia afeta a saúde humana em termos individuais como depois tem repercussão nos níveis de desenvolvimento social e económico», acrescentou Cândida Fonseca, lembrando que com uma análise à hemoglobina é possível detetar a presença do problema. Considera-se que há anemia se a concentração for inferior a 12 gramas por decilitro nas mulheres e a 13 gramas nos homens.