Mais de 39 milhões de pessoas morrerão até 2050 por infeções resistentes a antibióticos 71

Mais de 39 milhões de pessoas podem morrer nos próximos 25 anos no mundo devido a infeções bacterianas resistentes a antibióticos, estima um estudo divulgado, na segunda-feira.

Segundo o estudo, 92 milhões de vidas poderão ser poupadas entre 2025 e 2050 se for melhorado o acesso a cuidados de saúde e a novos antibióticos.

A estimativa global mais conservadora do trabalho publicado na The Lancet, segundo a Lusa, aponta para a morte de mais de 39 milhões de pessoas entre 2025 e 2050 devido a infeções bacterianas provocadas diretamente pela resistência a antibióticos, um terço das quais no sul da Ásia, incluindo Índia, Paquistão e Bangladesh.

Uma estimativa mais abrangente, que faz apenas a associação entre a resistência a antibióticos e os óbitos, mas não uma relação direta causa-efeito, sugere mais de 169 milhões de mortes nos próximos 25 anos.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde declarou a resistência aos antimicrobianos como uma das dez maiores ameaças à saúde pública à escala global. Nesse ano, de acordo com dados incluídos no estudo divulgado pela The Lancet, 2.226 e 9.445 pessoas morreram, respetivamente, em Portugal devido direta e indiretamente a infeções bacterianas resistentes a antibióticos.

Globalmente, em 2019, morreram mais pessoas devido à resistência a antibióticos do que à sida ou à malária (provocada por parasitas do género Plasmodium).

De acordo com o estudo publicado na The Lancet, em 30 anos, entre 1990 e 2021, terão morrido mais de 30 milhões de pessoas no mundo devido a infeções causadas pela resistência a antibióticos, tendo as regiões da África Subsariana Ocidental, América Latina, América do Norte, Sudeste Asiático e Sul da Ásia sido as mais afetadas.

No mesmo período, os óbitos aumentaram mais de 80% entre os idosos com 70 ou mais anos, faixa populacional mais vulnerável a infeções, enquanto diminuíram 50% nas crianças com menos de cinco anos, devido nomeadamente a programas de vacinação.

Este padrão manter-se-á até 2050, segundo os autores do estudo.

As estimativas foram calculadas para diversas bactérias resistentes, combinações de antibióticos e tipos de infeção, designadamente do sangue e das meninges, para pessoas de várias idades em 204 países ou territórios.

As projeções basearam-se em 520 milhões de registos individuais de diversas fontes, incluindo dados de hospitais, de utilização de antibióticos e notificação de óbitos.