Mais de 60% dos diagnósticos de VIH são realizados tardiamente 20 de novembro de 2014 O Núcleo de Estudos da Infeção ao VIH alertou hoje que mais de 60% dos diagnósticos de VIH são realizados tardiamente, o que compromete a eficácia dos tratamentos, o bem-estar dos doentes e a «própria incidência da infeção», segundo a “Lusa”. O alerta do Núcleo de Estudos da Infeção ao VIH (NEVIH) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna surge no âmbito do Dia Mundial da Sida, que se assinala a 01 de dezembro, e visa incentivar a aplicação de medidas de prevenção e diagnóstico precoce. Portugal é o terceiro país da União Europeia com maior taxa de casos de sida, quer em termos de prevalência, quer em termos de incidência, segundo dados divulgados pelo núcleo em comunicado. «A epidemia em Portugal afeta as populações com comportamentos particularmente vulneráveis. Neste contexto, a percentagem de infetados ultrapassa os 5%. Por outro lado, a percentagem de diagnósticos tardios chegam a ser superiores a 60%, o dobro da média europeia», sublinhou o internista coordenador do NEVIH, Telo Faria. Telo Faria apontou como explicações para estes números a organização dos serviços de saúde, a ausência de campanhas dirigidas a grupos de populações com vulnerabilidades particulares e a fatores de ordem socioculturais complexos. Apesar destes números, o especialista afirmou que tem havido um esforço nos últimos anos, para inverter esta situação. A infeção por Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) afeta diversos grupos sociais, mas, nos últimos anos, tem-se registado «um número em crescente de idosos infetados». Esta situação deve-se ao facto de a «infeção ser uma doença com características de cronicidade, que permite aos doentes viverem bem e durante mais anos», explicou Telo Faria. Mas a elevada incidência do vírus neste grupo social também se deve ao facto de os idosos adquirirem fármacos para tratamento da disfunção eréctil, o que permite que «retomem a vida sexual, sendo assim potenciais infetados e agentes infetáveis, se tiverem comportamentos sexuais de risco», acrescentou. Apesar da atual crise político-económica, Telo Faria considerou que é possível investir na prevenção da doença e deixa conselhos para uma melhor atuação nesta área, como o «reforço de ações de educação, informação e prevenção em meio escolar e respetiva articulação com a saúde escolar». Propôs também a realização de programas direcionados para grupos vulneráveis em articulação com as organizações não-governamentais e «a implementação e reorganização de uma rede de deteção precoce da infeção, com testes rápidos nas unidades de saúde». Em Portugal, a prevalência da infeção por VIH é de um infetado em 140 pessoas e, em termos de incidência, é de 13,1 infetados por 100.000 pessoas. Em 2013, registaram-se 1,8 milhões de novas infeções por VIH e cerca de 1,3 milhões de mortes em todo o mundo. |