Mais de 75% da população mundial não tem acesso a medicamentos para a dor 528

Mais de 75% da população mundial não tem acesso a medicamentos para a dor

20 de Outubro de 2015

Mais de 75% da população mundial tem pouco ou nenhum acesso a analgésicos opioides para tratar a dor, incluindo mulheres em trabalho de parto ou doentes de cancro, criticou ontem na Malásia a Comissão Global de Políticas sobre Drogas.

 

«Cerca de 5.500 milhões de pessoas têm pouco ou nenhum acesso a analgésicos opioides, em particular à morfina, o que resulta em dor e sofrimento evitáveis em todo o mundo», indica o relatório “O impacto negativo do controlo de drogas na saúde pública: a crise global da dor evitável”, apresentado pela comissão numa conferência internacional em Kuala Lumpur.

 

«Os doentes terminais de cancro, em fase terminal de VIH e as mulheres em trabalho de parto, que sofrem de dor extrema, estão entre os grupos mais afetados», refere o documento, citado pela “Lusa”.

 

Um dos principais responsáveis por esta situação é a política dominante de «evitar o desvio de substâncias controladas com fins ilícitos, além de assegurar o acesso para fins médicos e científicos».

 

Para evitar que milhões de pessoas sofram de dor por falta de acesso a medicamentos controlados, a comissão defende a atualização das tabelas de convenções de drogas de 1961 e 1971 com as descobertas científicas posteriores.

 

Recomenda igualmente que se dê «alta prioridade ao tratamento da dor física e mental, assegurando o acesso a medicamentos controlados».

 

Nos lugares onde não estão disponíveis, «os governos deviam dispor do financiamento necessário para um programa internacional (…) para assegurar o acesso adequado e razoável a medicamentos controlados», propõe a comissão.

 

Até agora não foi descoberto um tratamento melhor para a dor moderada a grave que os opioides fortes.