Mais de 850 pessoas rastreadas ao cancro da cabeça e pescoço, 31 suspeitas 580

Mais de 850 pessoas rastreadas ao cancro da cabeça e pescoço, 31 suspeitas

08 de Agosto de 2016

Mais de 850 pessoas fizeram rastreios ao cancro da cabeça e do pescoço desde o inicio da Volta a Portugal em Bicicleta, no dia 27 de julho, tendo 31 sido encaminhadas para exames complementares por terem lesões suspeitas.

O balanço foi feito à agência “Lusa” pela oncologista Ana Castro, que preside ao Grupo de Estudos do Cancro de Cabeça e Pescoço (GECCP), que decidiu organizar rastreios gratuitos à população durante a 78ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta.

O GECCP percorreu ao longo de 11 dias mais de 1.500 quilómetros de estrada, acompanhando a volta a Portugal em bicicleta, ao longo da qual foi montando tendas de rastreio nos pontos de chegada de todas as etapas, o último dos quais está instalado hoje na Praça do Município, em Lisboa.

«Estamos na última etapa dos rastreios. Até agora fizemos 854 rastreios e foram referenciadas 31 pessoas com lesões suspeitas para serem avaliadas em ambiente hospitalar. Com estas pessoas esperamos poder fazer a diferença», afirmou Ana Castro.

Segundo a médica, no início do desenvolvimento da doença, o tratamento destes tipos de cancro pode ter uma taxa de sucesso entre os 80% e 90%.

O objetivo do GECCP era conseguir completar ontem os mil rastreios, meta que a responsável acreditava conseguir vir ainda a alcançar até ao final do dia.

Contudo, Ana Castro fez um balanço «muito positivo» e considera que o número de pessoas abrangidas até ao momento ultrapassou as suas expectativas.

Para este número contribuiu o facto de o rastreio ter sido feito no âmbito da Volta a Portugal em Bicicleta, indo ao encontro das pessoas que estavam a assistir ao evento.

«Quando fazemos rastreios em hospitais conseguimos uma adesão mais baixa, porque as pessoas têm que se deslocar. Quando vamos ao encontro da população, que é o fundamental, faz diferença. Conseguimos chegar a mais pessoas e ter um maior número de pessoas rastreadas, que não iriam ao hospital», explicou.

As 31 pessoas referenciadas irão agora ser chamadas para consulta de avaliação e para fazer biopsias, disse a responsável, acrescentando que “as principais lesões detetadas nos rastreios são lipoides na língua, nas bochechas e no pavimento da boca, bem como feridas e violáceas”.

Segundo Ana Castro, a petição online lançada pelo GECCP e pela Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral para levar à Assembleia da República a discussão do apoio do SNS na reabilitação oral dos doentes com esta patologia conseguiu até ao momento reunir 1.038 assinaturas.

A petição em papel, com o mesmo objetivo, conta com 235 assinaturas.

Todos os anos, são diagnosticados entre 2.500 e 3.000 novos casos de cancro de cabeça e pescoço em Portugal e 85% das vítimas são fumadores ou ex-fumadores, daí a importância dos rastreios à doença a pessoas com hábitos tabágicos ou de consumo excessivo de álcool.

Em Portugal, os cancros de cabeça e pescoço são a quarta doença com maior incidência em indivíduos do sexo masculino, matando três portugueses por dia.