Mais de metade dos portugueses nunca realizaram um teste para o VIH revela um estudo sobre os conhecimentos da população portuguesa sobre VIH que é divulgado hoje, por antecipação ao Dia Mundial de Luta contra a Sida, assinalado anualmente a 1 de dezembro.
O estudo ‘Awareness da População Portuguesa sobre VIH’, conduzido pela Spirituc para ViiV Healthcare, teve como principal objetivo aferir as perceções da população portuguesa sobre o VIH em várias dimensões: doença, gravidade da doença, comportamentos de risco, informação e comunicação sobre o tema, testagem e tratamentos. Foram realizados 600 questionários à população portuguesa e a recolha de informação decorreu entre os dias 18 de setembro a 2 de outubro de 2024, assente numa metodologia de cariz quantitativo, através de questionários online.
Os dados apurados revelam um cenário preocupante em relação ao conhecimento e perceções sobre o vírus da imunodeficiência humana (VIH) e a sida em Portugal. Apesar de 95,2% da população saber o que é sida e 84,2% reconhecer o VIH, há lacunas na compreensão da doença, das suas vias de transmissão e métodos de prevenção, o que perpetua o estigma e a desinformação.
“Os resultados deste estudo são um alerta para a necessidade de intensificar os esforços na luta contra o VIH em Portugal”, afirma, em comunicado, André Mendes, diretor-geral da ViiV Healthcare, acrescentando que “a desinformação e o estigma continuam a ser barreiras significativas para a prevenção e o acesso ao tratamento. É crucial investir em campanhas de sensibilização abrangentes que desmistifiquem a doença, promovam a testagem e informem sobre as opções de prevenção, como a PrEP [profilaxia pré-exposição]”.
Embora os inquiridos percecionem o VIH como mais grave do que a COVID-19, gripe e sarampo, há preconceitos alarmantes que persistem, com 51,6% dos inquiridos a associarem a doença a “perfis específicos”, como utilizadores de drogas injetáveis (83,9%) e homens homossexuais (77,4%). Esta estigmatização cria barreiras ao acesso à testagem e tratamento, perpetuando o ciclo de transmissão. Adicionalmente, 43,6% dos inquiridos acreditam, erradamente, que receber uma transfusão de sangue em instituições oficiais na União Europeia representa um risco de infeção por VIH.
A falta de conhecimento sobre prevenção é igualmente alarmante. Apenas 13% dos inquiridos conhecem a PrEP, um medicamento eficaz na prevenção do VIH. Este dado, aliado ao facto de 55% dos inquiridos nunca terem realizado o teste de VIH e apenas 57% estarem dispostos a pagar por medicamentos preventivos, destaca a necessidade de reforçar as campanhas de sensibilização e informação.
O estudo revela ainda que, apesar de a maioria dos inquiridos se sentir confortável a discutir VIH com profissionais de saúde, apenas 16,6% recordam ter visto alguma campanha de sensibilização no último ano. A esmagadora maioria, 92,8%, defende o aumento destas iniciativas, com foco na televisão e redes sociais, meios considerados mais eficazes para alcançar a população pela amostra.