Malária: Vacina desenvolvida em Portugal pode chegar na primavera 523

Malária: Vacina desenvolvida em Portugal pode chegar na primavera



28 de agosto de 2017

Uma equipa de investigadores portugueses está a desenvolver uma vacina contra a malária, que poderá ser lançada no mercado dentro de menos de um ano.

A vacina, que já está a ser testada em humanos, foi criada por uma equipa do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa (IMM), mas a doença e formas de a evitar e tratar estão a ser estudadas por outras entidades portuguesas, como o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), a Universidade do Minho ou o Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica.

Para já, como diz à “Lusa” o líder da equipa de investigadores do IMM, Miguel Prudêncio, os voluntários (na Holanda) estão a ser expostos a doses crescentes da vacina e nas duas primeiras fases «não há efeitos adversos».

Otimista mas cauteloso, Miguel Prudêncio diz que já era bom uma proteção em metade dos voluntários. «Temos de ser realistas, não quero dizer às pessoas que temos uma solução milagrosa», diz, lembrando que «há vacinas em fases mais avançadas» e que «é possível que outras se revelem mais eficazes antes» da vacina do IMM.

A malária, doença transmitida pela picada de mosquito, matou quase meio milhão de pessoas em África em 2015, segundo a Organização Mundial de Saúde.

No entanto nos últimos dois anos têm sido muitos os avanços na investigação que se faz no combate à doença.

Cientistas da Universidade de Maryland, Estados Unidos, fizeram em 2016 os primeiros testes de uma vacina, enquanto em Cambridge, no Reino Unido, se anunciava uma técnica para prevenir a infeção através de transfusões de sangue.

Também no Reino Unido o Instituto Wellcome Trust Sanger anunciava no início deste ano que a combinação de duas proteínas do parasita da malária podia servir de base para uma vacina eficaz, e uma empresa norte-americana dizia ter criado uma vacina com proteção total durante 10 semanas.

Novidades têm surgido de todo o mundo, como um novo medicamento descoberto pela Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul, uma vacina para crianças desenvolvida por uma empresa farmacêutica britânica, ou a modelação completa do metabolismo do parasita (para ajudar na criação de novas terapias), feita na Suíça.

Em Portugal vão testar-se medicamentos num modelo de fígado humano infetado, o IGC recebeu financiamento, através da Fundação Bill e Melinda Gates, para investigar uma molécula do parasita e a universidade do Minho juntou-se à de Columbia (EUA) para estudar as mutações genéticas do parasita e anunciou que as hexahidroquinolinas, usadas em fármacos para tratamento da malária, contribuem para o bloqueio da doença, ao matarem também o parasita responsável pela sua transmissão