Marta Temido, ministra da Saúde, admitiu na passada quarta-feira que a mais recente evolução da pandemia de covid-19 pode efetivamente causar transtornos nos hospitais, mas disse não, pelo menos para já, ao regresso dos testes grátis nas farmácias e também ao uso obrigatório de máscaras.
À margem da cerimónia de Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA), em Lisboa, a ministra falou aos jornalistas e, segundo a Lusa, referiu uma fase de “autorresponsabilização” em Portugal, reforçando a importância de os comportamentos de cada um se adaptarem às modulações da covid-19.
Já sobre um possível regresso dos testes comparticipados pelo Estado nas farmácias, e depois do Instituto Ricardo Jorge ter indicado que no final de maio Portugal poderá ter 60 mil casos diários, Marta Temido disse que tal decisão nem passa pelo Conselho de Ministros. Refere que até pode fazer sentido, mas não de momento.
“Poderá fazer sentido numa outra altura em termos de sazonalidade da infeção. Neste momento, estamos a apostar na prescrição através da linha Saúde24. Tem havido constrangimentos e percebo que isso dificulte a expectativa das pessoas no acesso à linha, mas recordo que temos introduzido melhorias”, frisou.
Justificando que as decisões em contexto pandémico foram sempre “tecnicamente fundamentadas”, admitiu também que esta têm “uma componente de leitura política da realidade e daquilo que são as expectativas sociais e a proporcionalidade das medidas para fazer face a cada momento da evolução da pandemia”.
“A própria população portuguesa mostrava saturação das medidas e nós sabemos que podemos ter que guardar medidas para momentos mais difíceis. A questão é se este momento é um momento que se torna mais difícil ou se o conseguiremos vencer”, disse, acrescentando que o aumento da pressão hospitalar é “uma grande preocupação”.
Insistindo na ideia de ter que existir responsabilidade individual, a ministra da Saúde disse que a estratégia do Governo é “proteger os mais vulneráveis”. Ainda sobre a individualidade, Marta Temido referiu o seu próprio exemplo, ao justificar o uso da máscara durante a referida cerimónia, mesmo que já não seja obrigatório.
Recomendando prudência mediante as circunstâncias, disse ainda: “Neste momento temos que ser todos mais cautelosos novamente. Vou continuar a utilizar [máscara] enquanto os números estiverem com esta dimensão, porque a prudência e os médicos assim o aconselham”, disse.