Marta Temido pede às farmacêuticas para resolverem “contratempos” nas vacinas 652

A ministra da Saúde, Marta Temido, solicitou às farmacêuticas que se comprometeram com a entrega de vacinas para a União Europeia (UE) para cumprirem o acordado e resolverem os “contratempos” verificados no processo de entrega.

“Um dos mais imediatos desafios com que a UE e os Estados-membros se têm deparado é a incerteza quanto à entrega de vacinas contra a covid-19”, declarou Marta Temido, citada pela Lusa, durante a intervenção na comissão de Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar do Parlamento Europeu.

Numa intervenção inicial sobre as prioridades da presidência portuguesa da UE, a governante referiu que, “face aos recentes contratempos identificados no processo de entrega de vacinas relativamente a algumas empresas farmacêuticas, é essencial que tais empresas cumpram os contratos assinados e garantam a entrega atempada de doses de vacinas cruciais para o sucesso dos planos de vacinação nacionais”.

“Para o garantir, a presidência portuguesa em tudo apoia a Comissão Europeia na implementação do mecanismo de autorização de exportação de vacinas”, referiu Marta Temido.

Depois de terem sido registados atrasos no início do ano na entrega da vacina da Pfizer e BioNTech, em uso na UE desde final de dezembro passado, a farmacêutica AstraZeneca anunciou no final de janeiro que pretende entregar doses consideravelmente menores do que acordado com a UE do seu fármaco, que teve ‘luz verde’ do regulador europeu na semana passada.

A decisão, justificada com base em alegados problemas de capacidade na produção da empresa, causou a indignação do executivo comunitário, que já ameaçou recorrer às vias legais.

Entretanto, no final da semana passada, a Comissão Europeia estabeleceu um mecanismo de autorização de exportação de vacinas para a covid-19, com o objetivo de garantir a transparência do processo e as doses suficiente para os cidadãos da UE.

“A presidência portuguesa em tudo apoia a Comissão Europeia na implementação do mecanismo de autorização de exportação de vacinas”, vincou Marta Temido, falando perante os eurodeputados.

A governante disse, ainda, que Portugal “está, como tem estado até ao momento, disponível para prestar qualquer auxílio necessário aos Estados-membros neste processo de vacinação único e exigente”.

“Para tal, temos assegurado e continuaremos a assegurar uma articulação permanente com a Comissão Europeia, de modo a dar rápida resposta às questões que surjam relativamente à distribuição e aquisição de vacinas”, apontou.

Para a responsável, a UE deve “garantir que nenhuma oportunidade de aumentar a produção de vacinas é perdida”, desde logo para atingir o objetivo comunitário de “ter pelo menos 80% dos profissionais de saúde e de apoio social e das pessoas com mais de 80 anos vacinadas num prazo muito curto”.

“Esse objetivo está muito dependente desta nossa capacidade de aumentar a produção de vacinas”, insistiu, propondo “a criação de parcerias e alianças” entre as farmacêuticas, como a da Sanofi, que vai produzir 125 milhões de doses da vacina da Pfizer e da BioNTech.

Ainda assim, Marta Temido disse que, apesar dos “desenvolvimentos alcançados em termos de vacinação, a presidência [portuguesa] não pode deixar de apelar aos cidadãos que cumpram com as medidas sanitárias em vigor de modo a prevenir contágios desnecessários”.

“A vacina é uma poderosa ferramenta na resposta a este vírus, mas não é totalmente eficaz por si só. É imperativo neste momento essencial, em que procuramos imunizar uma grande parte da população europeia, que todos cumpramos as medidas de saúde pública propostas”, apelou a ministra da Saúde.

Portugal assume a presidência da UE este semestre, numa altura em que enfrenta a fase mais grave da pandemia de covid-19.