Medicamento para o VIH pode chegar às farmácias 1775

Segundo Isabel Aldir, diretora para a área das Hepatites Virais e para a área da Infeção VIH/SIDA e Tuberculose, há a possibilidade de que o medicamento que previne o VIH, e que de momento é de uso exclusivo nos hospitais, possa vir a estar disponível nas farmácias. A ideia será a de disponibilizar o medicamente a mais pessoas.

Isabel Aldir indicou que neste momento em Portugal, são cerca de 1.200 as pessoas estão a fazer profilaxia pré-exposição da infeção por VIH (PrEP). Este tratamento consiste na toma de medicação antirretroviral por pessoas que não vivem com o VIH, mas que se encontram em situação de elevada vulnerabilidade à infeção.

Contudo para se atingir um valor desejável seria necessário abranger entre 10 mil e 15 mil pessoas. Para atingir este objetivo, a médica infeciologista defendeu algumas estratégias como rever a forma como é disponibilizado este medicamento classificado pelo Infarmed como de uso exclusivo das farmácias hospitalares.

“Isso pode passar por alterar essa classificação para que possa também existir na farmácia comunitária como tantos outros”, disse Isabel Aldir, em declarações à agência Lusa.

Isabel Aldir avançou que atualmente a profilaxia de pré-exposição assenta apenas na rede e nos clínicos que recebem as pessoas com infeção por VIH.

“Só que estamos a falar de uma prevenção e a prevenção deve estar o mais próximo possível da população e temos ainda de ter consciência de que estamos a tratar, por vezes, de populações que, por múltiplas razões, têm um acesso mais dificultado às estruturas formais de saúde”, indicou.

Para a infeciologista, uma das “formas mais rápidas” e eficazes de chegar a estas pessoas é “trabalhar com organizações de base comunitária que conhecem essas populações” e que têm “uma facilidade muito grande” no contacto com elas.

“Não se exclui aqui os cuidados de saúde primários, nem os cuidados hospitalares, que também têm um papel muito importante a fazer, mas este trabalho conjunto com a organizações de base comunitária será certamente fundamental”, explicou.

Para a diretora para a área das Hepatites Virais e para a área da Infeção VIH/SIDA e Tuberculose, se o SNS se esgotar e desde que monitorizado, este serviço pode também ser estendido ao privado.

“E eventualmente se virmos que estão esgotadas todas as capacidades de resposta dentro do Serviço Nacional de Saúde equacionar a possibilidade de poder haver acesso à PrEP em termos de medicina privada”, uma realidade que existe em muitos países, admitiu.

“O que me importa é qualquer pessoa que precise de PrEP tenha acesso a ela e isso é que deve ser de facto o nosso objetivo”, disse Isabel Aldir.

“Temos ainda um longo caminho a percorrer, mas temos que o percorrer de uma forma rápida porque se não o fizermos todo o beneficio que poderíamos tirar da PrEP não vai ser conseguido da forma como poderia ser feito”, concluiu.