Médicos acusam Governo de amadorismo na proposta de reforma hospitalar
11-Abr-2014
A Ordem dos Médicos acusou hoje o Ministério da Saúde de amadorismo, ao estar a querer fazer uma «profunda reforma hospitalar» sem um estudo prévio fundamentado e sem avaliar as consequências.
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, comentava à agência “Lusa” a portaria publicada na quinta-feira em Diário da República e que vem categorizar os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em grupos de I a IV, hierarquizando as unidades de acordo com a natureza das suas responsabilidades e as suas valências.
«Parece-nos que o Ministério da Saúde está a fazer uma profundíssima reorganização hospitalar por despacho, sem qualquer tipo de avaliação conhecida, de estudo prévio de fundamentação das decisões e de avaliação das respetivas consequências», afirmou José Manuel Silva.
O bastonário deu o exemplo do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, que, na atual portaria, perde a valência da cirurgia cardiotorácica, à semelhança do que também se prevê para o Hospital de Santa Cruz (em Carnaxide).
«Não sei se não vai ser mais uma portaria produzida por este Ministério e que depois não vai ser aplicada por não ser exequível. Mais uma vez reflete o amadorismo de funcionamento do Ministério da Saúde», considerou José Manuel Silva.
De acordo com um elemento do corpo clínico do hospital de Santa Cruz ouvido pela agência “Lusa”, a decisão refletida na portaria representa a redução para metade dos serviços de cirurgia cardiotorácica nos hospitais públicos portugueses.
«Encerram-se dois dos maiores centros cardiológicos do país, sem que se veja capacidade instalada ou a instalar em outros hospitais públicos. Os hospitais públicos existentes não têm capacidade para absorver o volume cirúrgico destes hospitais», declarou à “Lusa” a mesma fonte do corpo clínico.
No ano passado, um cirurgião belga esteve a auditar os serviços de cirurgia cardiotorácica em Lisboa e recomendou a concentração de serviços, deixando de fora o Hospital de Santa Cruz, mas considerando que «faz sentido» manter o semipúblico Hospital da Cruz Vermelha.