Médicos concordam com colocação de jovens profissionais nos centros de saúde 24 de Fevereirlo de 2016 O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, manifestou-se hoje de acordo com a intenção do Governo de colocar jovens médicos nos centros de saúde, defendendo concursos de admissão «justos, transparentes e céleres». Em declarações à agência “Lusa”, José Manuel Silva comentou as declarações à rádio “TSF” do coordenador nacional para a reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na área dos Cuidados de Saúde Primários, Henrique Botelho, segundo as quais o «meio principal» para resolver o problema da falta de médicos de família será «a fixação dos jovens acabados de sair do internato e que nos últimos anos foram “afugentados do país”». O bastonário concordou com a intenção do Governo, mas reiterou que, «no imediato», a questão só se resolve contratando médicos de família reformados. «Neste momento, o que há a fazer é efetivamente contratar os médicos que acabam a especialidade. Isso é o normal, o expectável e o mínimo que o governo tem a fazer», sustentou. Para José Manuel Silva, o problema de falta de clínicos a exercer no SNS «resolve-se com os jovens que estão atualmente a ser formados como especialistas de medicina geral e familiar a um ritmo de 400 por ano». «É preciso contratá-los, e que os concursos sejam justos, transparentes e céleres. Isso é o normal, é o que se espera que o Estado faça», sublinhou. O bastonário insistiu na ideia de que em Portugal não há falta de clínicos mas de concursos «justos, transparentes e céleres» para admissão no Serviço Nacional de Saúde. «Nós não temos um problema de falta de médicos em Portugal. Temos um problema de contratação para o Serviço Nacional de Saúde, ou de não contratação ou de dificuldade na contratação», explicou José Manuel Silva, nas declarações à “Lusa”. No entanto, alertou que, no imediato, a questão só se «resolve contratando médicos de família reformados», salientando que o atual Governo tomou uma «medida justa» ao possibilitar que os clínicos reformados possam acumular a sua pensão com 75% do salário. «Isso pode, no imediato, permitir recrutar mais de dois mil médicos de família reformados recentemente, e ir buscar um número de médicos de família para durante dois, três anos permitir atribuir um médico de família a todos os português», sublinhou José Manuel Silva. O bastonário lembrou que nos últimos quatro anos emigraram mais de mil médicos de família devido «às dificuldades de contratação criadas pelo anterior Governo», e também pela desqualificação do trabalho médico e a «enorme pressão burocrática» sobre aqueles. «O computador está a substituir o doente como elo central da consulta, o doente está a deixar de ser o centro da consulta para ser o computador e as pressões burocráticas, as regras e os indicadores. Todo esse trabalho destabiliza o trabalho do próprio médico e muitos optaram por sair do SNS, emigrar e ir para o setor privado ou para reformas antecipadas», disse, acrescentando: «o que se passou nos últimos quatro anos foi mau». O Governo apresenta hoje um plano para reformar os cuidados de saúde primários, onde se inclui a fixação de profissionais jovens acabados de sair do internato como uma das soluções para resolver o problema da falta de médicos de família nos centros de saúde, segundo avançou à “TSF” Henrique Botelho. |