Médicos de família: Aumentar listas de utentes «é inconsequente» 07 de Setembro de 2015 Representantes de diversas organizações médicas concluíram no sábado, no final de um encontro, em Lisboa, que a proposta de projeto de lei do Governo para aumentar as listas de utentes em regiões carenciadas «é inconsequente» e «ilude as pessoas».
O II Fórum Médico de Medicina Geral e Familiar (MGF), promovido pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) debateu “A evolução da reforma dos CSP – dimensão da lista de utentes do médico de família” com representantes de diversas organizações médicas.
Contactado pela agência “Lusa”, Rui Nogueira, presidente da APMGF, disse que no encontro, foi manifestada a oposição à proposta do Governo, e esse consenso vai ser enviado na próxima semana em carta ao Ministério da Saúde, «antes que o projeto de lei vá a Conselho de Ministros».
Em causa está uma proposta que recompensa monetariamente os médicos de família que aumentem as respetivas listas de utentes em regiões geográficas especialmente carenciadas no rácio entre especialistas clínicos e doentes.
A adesão dos médicos é voluntária e temporária – dois anos – visando complementar sobretudo as regiões do Algarve, Alentejo litoral, e Grande Lisboa (Loures, Amadora, Sintra e Cascais).
Para Rui Nogueira, o projeto «não é razoável porque, com o aumento de consultas diárias corre-se o risco de má prática, e será inconsequente na redução esperada, iludindo as pessoas».
Quando a medida foi anunciada, o Governo disse que esperava que mais 200 mil pessoas pudessem vir a beneficiar destes profissionais de saúde.
«Não é possível aumentar mais o número de consultas quando os médicos já estão muito acima do padrão», comentou ainda o presidente da APMGF.
Na opinião de Rui Nogueira, só o aumento do número de unidades e de médicos poderá reduzir os 1,2 milhões de utentes que em Portugal não têm atualmente médico de família.
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